Um dos componentes para o crescimento do PIB de um país (ou região ou concelho) é o investimento realizado no seu território. Conscientes desta realidade, várias autarquias deste país deram início a planos de atracção de investimento ambiciosos e que se revelaram importantes para a fixação de população, criação de emprego para os mais jovens e aumento da riqueza gerada.

Paços de Ferreira não foi excepção. Aliás, o nosso concelho esteve na liderança deste tipo de acções, sendo dos primeiros, senão mesmo o primeiro concelho do país a apresentar um regulamento municipal de apoio ao investimento no decorrer do mandato autárquico de 2005-2009.

A actual maioria socialista também aprovou recentemente um regulamento de apoio ao investimento, acção que saudamos. No entanto, sublinhe-se que mais não é do que uma alteração ao regulamento original, o que se revela manifestamente redutor face às exigências com que as autarquias se deparam nos processos de negociação de investimentos, quer os externos ao nosso território como os referentes aos das empresas com sede no concelho.

Assim, para além da regulamentação dos apoios é necessário preparar um conjunto de acções fundamentais para que Paços de Ferreira seja visto como um concelho atractivo e preparado para ser “amigo do investimento”. Sublinho genericamente as seguintes acções:

  1. Criação de condições estruturais para localização ou relocalização (no caso de investimento promovido pelas nossas empresas);
  2. Mecanismos fiscais (municipais) coerentes e estáveis;
  3. Plano de comunicação centrado no mercado nacional e internacional eficaz e que demonstre as mais-valias que caracterizam o nosso território;
  4. Criação de condições associadas à retenção de talento humano no nosso território;
  5. Criação de condições para o surgimento de empresas inovadoras (mesmo de pequena dimensão) que suportem de uma forma vertical o cluster de fornecedores para os sectores que marcam o nosso território;
  6. Criação de mecanismo de acompanhamento pós-instalação do investimento para que um empresário se sinta desde o primeiro dia, em “casa”.

Percorrendo estes pontos facilmente concluímos que Paços de Ferreira se apresenta, nos dias que correm, como um concelho pouco competitivo aos olhos dos investidores, sendo natural até, como vem ocorrendo nos últimos 4 anos, a deslocalização de empresas do concelho para concelhos vizinhos. Recordo a confusão que é o processo PFR Invest que objectivamente nos que impede de usar as zonas industriais do concelho como veículo de atracção de investimento. Como se não bastasse, o PS e o Presidente Dr. Humberto Brito ainda “rebenta” com a estabilidade fiscal no concelho ao prometer (com as letras todas) que não iria subir impostos e na primeira oportunidade surgida, aumenta o IMI (perante esta postura um empresário tem legitimidade para se questionar o que virá a seguir nesta matéria). E, não obstante a “procissão” feita há uns meses atrás pelo Sr. Presidente de Câmara por empresários do concelho (que em nada beneficiaram do apoio da Autarquia para além do processo de licenciamento), verificamos que vivemos neste campo num período de constrangedor silêncio, apenas por duas vezes interrompido no anterior mandato pelos pomposos anúncios da instalação dos investimentos de uma senhora vietnamita e de uma empresa francesa no Parque de Exposições da Capital do Móvel.

A primeira desapareceu com a mesma velocidade com que se passeou pelas ruas do nosso concelho durante o período que por aí andou! O segundo investimento, apresentado em conjunto com a Associação Empresarial de Paços de Ferreira (cuja direcção também deveria dar explicações não apenas aos associados mas também aos pacenses sobre esta matéria), para além de se revestir num apoio dado a uma empresa que nem sequer tinha sede no concelho (ou seja, os impostos iriam para um concelho vizinho), acabou de ser anunciada a sua instalação num concelho vizinho.

Conclusão: num campo cada vez mais importante para garantir o desenvolvimento de um concelho, a criação de emprego para a sua população e a diversificação de riscos associados à excessiva concentração sectorial da actividade económica (a cidade de Detroit sofreu a sério com a crise da indústria automóvel após 2008) a maioria socialista da câmara municipal apenas deu “dois tiros”…..de pólvora seca!