Nos últimos dez anos, cerca de 840 milhões de euros de água já tratada e não faturada foram desperdiçados pela rede de distribuição, revela a edição de junho da revista Deco Proteste, baseada em dados do regulador ERSAR. Lousada figura como um dos municípios que menos perdas teve, apesar de o número de avarias nas condutas ter uma avaliação “insatisfatória”.

Em 2022, 162 milhões de metros cúbicos de água foram desperdiçados, somando 88 milhões de euros de água não faturada num ano e cerca de 840 milhões de euros em dez anos, segundo dados da Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR).

Alertando para a necessidade urgente de reabilitar a infraestrutura de abastecimento de água a nível nacional, que está envelhecida e sujeita a crescentes perdas de água e falhas de abastecimento, a Deco Proteste contabilizou 87 municípios, dos 278 municípios do continente, com aumentos nas perdas reais de água, e 161 com redução.

“Embora haja algumas melhorias, 20 municípios não forneceram informação ao regulador e, em 10, ainda não existem dados que permitam a comparação entre 2022 e 2021”, diz a associação, em comunicado divulgado esta segunda-feira.

Entre os 161 municípios cujas perdas de água diminuíram percentualmente, face ao ano anterior, Lousada tem uma “avaliação boa”.

Já no que diz respeito ao envelhecimento da rede de abastecimento de água, em 62% dos municípios encontra-se envelhecida, em 70% regista reabilitação insatisfatória ou sem reabilitação de condutas com mais de 10 anos. Segundo a Deco Proteste a rede de Lousada é “recente ou está em expansão”, obtendo uma classificação positiva. O mesmo não se pode dizer do número de avarias nas condutas que teve uma “avaliação insatisfatória”, contabilizando 103 ocorrências anuais em condutas, por 100 quilómetros.

Neste sentido, a Deco Proteste diz que é urgente “investir num esforço contínuo para reabilitar as condutas e garantir uma rede de abastecimento de água mais renovada e eficiente”, elencando as diferenças de preços entre concelhos na fatura global (água, saneamento e resíduos). Aliás, a DECO Proteste já havia alertado, em janeiro deste ano, que, para além do Fundão, existiam sete municípios que estavam no top dos mais elevados, com “aumentos entre 45 e 79% na fatura global”. Eram eles: Paredes, Celorico de Basto, Covilhã, Espinho, Oliveira de Azeméis, São João da Madeira e Santa Maria da Feira”.

São stas diferenças que “colocam os consumidores de concelhos, por vezes vizinhos, numa situação injusta, que não tem em conta as políticas de coesão territorial e de igualdade de direitos”.

O Plano Estratégico para o Abastecimento de Água e Gestão de Águas Residuais e Pluviais 2030, aprovado em fevereiro do ano passado, e que visa reduzir as perdas até 2030, já está a ser implementado, mas, “é preciso acelerar para evitar as perdas – económicas e ambientais – que ainda se registam“, conclui a publicação.