O ano de 2020 ficou marcado por um crescimento da mortalidade em todo o país, justificado apenas em parte pelas mortes causadas pela pandemia Covid-19.
A região também foi afectada. No ano passado, em comparação com 2019, morreram mais 684 pessoas dos concelhos de Lousada, Paços de Ferreira, Paredes, Penafiel e Valongo. Há casos em que o número de mortes ultrapassou os 30% de subida face ao ano anterior, exemplos de Valongo (35%) e Paços de Ferreira (31%).
O acréscimo de mortes nestes cinco concelhos ficou acima da média do país.
Foi registado excesso de mortalidade no país
Em Janeiro deste ano, tendo em conta dados preliminares, o Instituto Nacional de Estatística já fazia contas aos impactos da pandemia na mortalidade registada no país e dava nota de mais de 11 mil mortes em relação ao ano de 2019 e de um “excesso de mortalidade” de 12.220 óbitos em relação à média dos últimos cinco anos.
A mortalidade começou a aumentar em Março, referia o INE, devido aos óbitos por Covid-19. O número de mortes em 2020 atingiu um pico em Julho e voltou a crescer até ao final do ano a partir de Setembro. “O excesso de mortalidade em Abril foi explicado em grande parte (53,9%) pelo aumento de óbitos por Covid-19. Esta situação não se verificou em Julho, em que os óbitos por Covid-19 representaram apenas 7,1% do aumento na mortalidade. Contudo, a partir de Outubro, o acréscimo do número de óbitos, relativamente à média de 2015-2019, foi cada vez mais explicado pelo aumento dos óbitos por Covid-19. Em Outubro e Novembro o número de óbitos por Covid-19 representou, respectivamente, 44,8% e 81,5% do excesso de mortalidade nestes meses. No mês de Dezembro o número de óbitos por Covid-19 (2 395) representou 97,3% da diferença entre o número total de óbitos”, relatava o Instituto.
Mas até 31 de Dezembro, os boletins da Direcção-Geral da Saúde davam conta de 6972 mortes por causa da Covid-19, ficando por explicar os restantes óbitos, havendo estudos que os associam a efeitos indirectos da pandemia, como por exemplo a redução de acesso aos cuidados de saúde.
Concelhos com acréscimo de mortalidade acima da média nacional
Os dados do INE, que o Verdadeiro Olhar consultou através da Pordata, mostram que, em 2020, morreram 123.358 pessoas em Portugal, mais 11.565 que no ano anterior (mais 10%).
Quer na Área Metropolitana do Porto (AMP) quer na região do Tâmega e Sousa, onde se inserem os concelhos de Paredes e Valongo e de Lousada, Paços de Ferreira e Penafiel, respectivamente, foi registado um acréscimo do número de mortes superior à média nacional. Na AMP houve mais 2335 mortes em 2020 (em relação a 2019), num total de 18.429 pessoas, um aumento de 15%, e no Tâmega e Sousa faleceram mais 702, mais 19%, num total de 4.350 pessoas (ver tabela).
Nos cinco concelhos em análise, em relação ao ano anterior foram registadas mais 684 óbitos. O número de mortes registadas sai fora do padrão dos últimos anos e é o mais alto desde 2016.
Em 2020, morreram em Lousada 444 pessoas, mais 80 que em 2019, um aumento de 22%. Em Paços de Ferreira foram registadas mais 119 mortes que no ano anterior, num total de 507 óbitos. A subida foi de 31%.
Paredes teve, percentualmente, o menor aumento em relação a 2019, 15%, seguindo a média da AMP. Isso significou mais 95 mortes, num total de 750 em 2020. Em Penafiel morreram 724 pessoas, mostram os dados da Pordata- São mais 27% de óbitos – 155 pessoas – que no ano anterior.
Já Valongo teve o maior aumento percentual. Foram registadas mais 235 mortes, totalizando 914, mais 35%.
Taxa bruta de mortalidade aumentou
Todos os concelhos registaram, em 2020, um aumento da taxa bruta de mortalidade, à semelhança do que acontece a nível nacional. Em Portugal passou de 10,9 para 12%, a mais elevada dos últimos anos.
Lousada teve uma taxa bruta de mortalidade de 9,5%, quando em 2019 era de 7,8%. Em Paços de Ferreira subiu de 6,8 para 9% e, em Paredes, de 7,6 para 8,7%. Penafiel acabou 2020 com uma taxa de 10,4% quando a do ano anterior era de 8,1%. Já Valongo subiu de 7 para 9,4%.
Durante o ano de 2021, segundo os dados do SICO (Sistema de Informação dos Certificados de Óbito), sistema de informação de mortalidade em Portugal gerido pela Direcção-Geral da Saúde, já faleceram 1671 pessoas nos cinco concelhos em análise (ver tabela).
Os dados finais do ano poderão mostrar o verdadeiro impacto da pandemia cuja incidência e contágios atingiram níveis preocupantes e obrigaram a novo confinamento no início do ano, causando centenas de mortes.
