Milhares de pessoas ficaram, esta quarta-feira à tarde, de olhos postos no céu para admirar aquele que é considerado o maior andor do mundo pelo Livro de Recordes do Guinness. Muita cor – mas sempre sem fugir dos tons do manto de Nossa Senhora Aparecida – e vários pequenos espelhos que reluziam deram brilho à procissão que percorreu as ruas de Aparecida, em Lousada.
Em frente a esse e a mais dois andores decorados por Carlos Massas juntam-se várias pessoas que procuram o melhor ângulo para tirar uma fotografia.
As estruturas de madeira onde os mais de cem homens iam agarrar para segurar o andor já estavam preparadas com pequenas almofadas, mas ainda havia pormenores de última hora. Um pouco antes de começar a procissão, Armando Teixeira (carpinteiro que elaborou as estruturas em madeira do maior andor) ainda subiu a uma escada para assegurar-se que a imagem de Nossa Senhora Aparecida estava bem segura no andor.
Pouco depois das seis horas da tarde, as milhares de pessoas, que ficaram a uma distância de segurança, já estão no melhor lugar que arranjaram para observar a procissão – sempre de telemóvel em punho para conseguir uma fotografia.
Primeiro, passa a recriação bíblica, protagonizada essencialmente por crianças e jovens, e depois os cerca de 15 andores floridos mais pequenos, levados maioritariamente por mulheres e jovens. De seguida, os dois andores de Carlos Massas, também de um comprimento elevado e com uma decoração muito trabalhada, carregados por homens.
Nas escadas que desciam do santuário para a rua, as centenas de homens já estão a postos para pegar o maior andor aos ombros. 1, 2, 3 e ouvem-se palmas. É sinal de que o andor já caminha.
Com pequenos passos e algumas paragens pelo meio, os homens lá vão percorrendo as ruas de Aparecida ao som de palmas das pessoas que admiram aquele trabalho, algumas que só vieram mesmo para ver aquele que é o maior do mundo.
É o caso das duas irmãs Inês e Isaura Magalhães. São de Amarante, mas vivem em França. Vieram de férias e decidiram vir ver a procissão. “Falavam muito dos andores muito grandes, queria ver como é. É muito emocionante ver isto assim, muitas pessoas que têm aquela força e aquela coragem”, descreve Isaura Magalhães.
Já a irmã diz que o maior andor “é muito bonito, mas mete um bocadinho de medo”. “Tinha medo que ele caísse, mas é impressionante. É muito pesado”, refere.
A procissão já vai longe e, entretanto, Maria Silva e Cândido Faria caminham em direcção à rua por onde os andores iam voltar. São da freguesia de Nogueira, também em Lousada, e já há muitos anos que vêm ver a procissão. Já chegaram, inclusive, a participar desta romaria: Maria Silva acompanhava a procissão no final e Cândido Faria andava no rancho que percorria as ruas. “Agora a gente já não pode”, refere Maria Silva, que achou o andor deste ano “muito bonito”.
Quem também já participou na procissão foram os irmãos Letícia e Dani Monteiro, que são de Aparecida. Letícia, de oito anos, conta que já foi vestida de anjinho, “muitas vezes”; já Dani, de 13, houve um ano em que chegou a ajudar num dos dois últimos andores, levados por crianças e jovens da catequese. “Gostei muito de participar. É diferente”, revela.
Ao seu lado, estava Dulce Ribeiro que diz que o maior andor é o mais bonito desta romaria. Acredita que o deste ano “está muito mais colorido, mais brilhante”.
Mais à frente, lá estavam os andores a regressar junto do santuário. Ansiosos para que tudo corra bem, as milhares de pessoas olham com toda a atenção durante a subida das escadas. Tudo correu bem. Lá chegaram todos ao ponto de partida, sem problemas a registar e com muito esforço de todos os que ajudaram.
A festa continuou para os visitantes e vai durar até quinta-feira. É feriado e vai realizar-se a Missa Solene, em que se inclui a bênção das Motas, pelas 11h00.
O Grande Prémio de Velocidade, que é uma das principais atracções do dia, começa pelas 15h00. O encerramento desta romaria com 196 anos conta com a actuação de Gonçalo Santos e de João Pedro Pais.