As principais linhas orientadoras da agenda ambiental para 2020 da Câmara de Lousada marcaram a apresentação do Ano Municipal da Acção Climática, iniciativa que decorreu no auditório da Escola Secundária e contou com vários actores e agentes ligados a esta temática.
A apresentação do Ano Municipal da Acção Climática foi seguida de um debate que contou com a presença do presidente da Câmara Municipal de Lousada, Pedro Machado, de Helena Freitas, da Universidade de Coimbra, de Francisco Ferreira, da Associação ZERO, e de Eva Cosme, da Greve Climática Estudantil.
Citado em comunicado, o vereador do Ambiente, Manuel Nunes, apresentou as principais linhas orientadoras que vão ser desenvolvidas este ano, nomeadamente os novos livros do Plano Municipal de Leitura, a abertura do Centro de Interpretação Ambiental do rio Mezio, a abertura ao público da Mata de Vilar e as novas Rotas Interpretativas, os Gigantes Verdes e Jardins de Lousada, assim como como o documentário “Lousada – Reencontro com a Natureza”, que vai ser exibido na SIC.
No campo da Investigação e Conservação da Biodiversidade, o vereador apontou a criação da Paisagem Protegida do Sousa Superior, a formalização das primeiras Micro Reservas municipais, Valorização da Vinha do Enforcado, Sistema de Protecção das Árvores Monumentais e plano de combate às espécies invasoras.
Manuel Nunes realçou, também, a aposta no envolvimento social com a implementação dos programas Biosénior e Comunidades Eco 2.0, o arranque do Conselho Jovens para o Ambiente, o reforço e incentivo à Mobilidade Suave e Lousada Sem Filtros, avançando que vão ser implementadas açcões infra-estruturais como os novos ecocentros municipais, o Parque Molinológico de Pias, a 3.ª fase do Parque Urbano, a Requalificação Energética do Parque Escolar e o reforço da infraestrutura Verde e Azul.
O responsável pelo ambiente da Câmara de Lousada declarou, também, que vão ser implementados projectos como a Água da Torneira, alargar a frota de carros eléctricos, capacitação de quadros para a EU Green Deal e promover eventos Pegada Zero.
Pedro Machado recordou que muitas das medidas e actividades desenvolvidas continuam a ser oferta do município nos próximos anos, reconhecendo que a educação continua a ser um eixo central da actuação da autarquia no desenvolvimento que ambiciona para o concelho.
O autarca relevou que o trabalho ambiental em Lousada está a tornar-se uma referência internacional, recordando que é através da educação, sensibilização e envolvimento que todos agimos.
“Há já muitos anos que o município trabalha para respeitar o passado e cuidar do futuro, com desafios constantes, em que importa antever, prevenir e agir. Os bons resultados que temos alcançado, graças à ajuda de todos, acentuam a responsabilidade que temos em continuar, tanto quanto pudermos, a excelência ambiental. A Acção Climática de 2020 vai reforçar e consolidar os projectos ambientais em curso desde 2014 e trazer um comprometimento ainda maior em prol da natureza, e assim, da qualidade de vida, da justiça e das oportunidades para todos”, disse, convidando a comunidade a participar das actividades, a alterar pequenos comportamentos do dia-a-dia, rumo a um futuro melhor.
“Mas a mudança tem de ser individual. E, só depois, colectiva”, avançou.
O professor Francisco Ferreira, da Associação Zero, enfatizou que a escolha do tema deste ano, foi inédito à escala municipal, sendo inovadora e acima de tudo essencial.
“O ano de 2020 tem que ser um ano de acção à escala mundial, nacional, municipal, à escala de cada um de nós. A emergência climática que vivemos exige mudanças de mentalidade e de comportamentos”, expressou.
Já a professora Helena Freitas reconheceu que a escolha do Ano Municipal para a Acção Climática esteve directamente relacionada com a escolha do ano passado, ano dedicado à educação.
“A educação é um pilar essencial de tudo isto que vamos aqui falar hoje e que vamos ter em 2020. Não há um combate em favor do ambiente sem educação, sem mais literacia, sem competências. Todos ambicionamos transitar de paradigma, criar uma nova civilização ecológica, capaz de viver em harmonia com um planeta mais saudável e com a natureza”, afirmou, desejando que o trabalho feito em Lousada pudesse ser replicado noutros municípios no sentido de envolver os territórios e as comunidades, construir a resiliência, valorizar a biodiversidade, os ecossistemas, educando e preparando os mais jovens para este movimento.
“O conjunto de transformações que precisamos são imensas, múltiplas, e a transição só pode acontecer com um somatório cada vez maior destas acções” – salientou ainda a Professora Helena Freitas”, atalhou.
Eva Cosme, uma activista lousadense e voluntária de acções ambientais, estudante licenciatura em Biologia na Universidade do Porto que começou por organizar acções na Greve Climática Estudantil do Porto, e em conjunto com jovens activistas de Lousada e de Paços de Ferreira, organizou a primeira Greve Climática Global em Lousada, tendo dinamizado a Semana Pelo Clima, salientou que a juventude tem um papel chave na defesa do ambiente.
“É importante que os jovens apareçam e façam ouvir a sua voz. Esta é a prova de que a voz da juventude pode mudar o mundo”, referiu.
Eva Cosme é ainda voluntária regular nas actividades ambientais organizadas pelo município de Lousada.
Refira-se que Lousada viu recentemente os seus esforços reconhecidos, com a atribuição de distinções pela Fundação Calouste Gulbenkian e pelos prémios internacionais Transformative Action 2019 e Idealkent Special Award 2019.