Lousada é o primeiro concelho do país a ter iluminação pública 100% LED. O investimento da Câmara Municipal, de 1,8 milhões de euros, permitiu a substituição das 12.500 luminárias e vai determinar uma poupança de cerca de 65% na factura anual de energia do município, que ronda os 900 mil euros.

O primeiro-ministro, António Costa, esteve, esta sexta-feira, no concelho, para ligar, oficialmente, as luzes e também para elogiar a gestão da autarquia lousadenses que soube “poupar na iluminação pública para investir onde é preciso”.

Antes, o presidente da Câmara Municipal de Lousada, Pedro Machado, lembrou que têm avançado com vários investimentos e diminuído a dívida municipal ao mesmo tempo que abrem mão de receitas municipais.

Durante a cerimónia, que decorreu no salão nobre da autarquia, foi ainda assinado o contrato-programa de cooperação técnica e financeira, com a ARS-Norte, para que avancem as obras da nova Unidade de Saúde de Lustosa.

Todas as luminárias que tinham sido desligadas voltaram a ser ligadas

“Hoje é um dia histórico para Lousada”, afirmou Pedro Machado no início do discurso, já que o concelho é o primeiro do país com iluminação pública 100% LED.

Depois dos aumentos com as tarifas de energia (4%), em 2011, e da subida do IVA de 6% para 23%, os municípios viram-se obrigados a desligar a iluminação pública durante parte da noite ou a apagar algumas luminárias para diminuir as facturas. Foi o que aconteceu em Lousada que desligou, nessa altura, 3.000 luminárias, cerca de 25% de toda a iluminação pública, lembrou o autarca. “Tal medida causou bastante transtorno na população, mas foi a única solução”, sustentou.

Em 2015, depois da aprovação de uma candidatura do POVT, a Câmara Municipal de Lousada, em colaboração com a EDP, avançou para a substituição das primeiras 3.000 luminárias de vapor de sódio por novas luminárias de tecnologia LED. O sucesso levou o município a “avançar com a 2.ª fase do projecto, sem esperar sequer por novos fundos comunitários, tendo substituído mais 9.500 luminárias, conseguindo a cobertura total do concelho e voltando a ligar todas as que tinham sido desligadas em 2011”, explicou o presidente da câmara.

O investimento municipal rondou os cerca de 1,8 milhões de euros e a poupança na factura anual do município, que em 2015 foi de 900 mil euros, será de 65%, “o que permitirá recuperar rapidamente o investimento realizado”, garantiu o autarca.

A mudança traz uma “melhoria significativa nos níveis de iluminação pública no concelho e um forte contributo na protecção do ambiente, com a inerente redução das emissões de CO2”, defendeu Pedro Machado.

Antes, o presidente do município falou do crescimento da actividade económica do concelho, que aumentou as exportações em 9% desde 2013, e da progressiva diminuição do desemprego, e também da política fiscal amigável praticada pelo município, que tem a taxa mínima de IMI e que diminuiu a participação variável que aplica ao IRS, ao mesmo tempo que ajuda famílias numerosas e atribuiu benefícios fiscais a projectos de investimento. Mesmo abdicando destas receitas, a dívida do município baixou 40% desde 2011 e foi possível continuar a investir em várias áreas, sobretudo na Educação e Desporto. “Comprova-se que é possível compatibilizar o rigor das contas com o crescimento e com medidas de apoio social e combate às desigualdades”, defendeu.

 

“Esta é uma boa lição de como poupar dinheiro aos contribuintes para investir no que é essencial”

Para o primeiro-ministro este é um bom exemplo de gestão da coisa pública.

“A iluminação pública corresponde a 20% dos gastos de energia do conjunto do sector público”, salientou António Costa, lembrando que foram muitos os municípios que tiveram de desligar luzes públicas. “Todos tivemos que tomar medidas para conter custos”, disse, lembrando que era à data autarca em Lisboa. “Foi necessário”, garantiu.

“Mas a lição permitiu aprender que há formas mais inteligentes de os municípios pouparem, sem apagar luzes e com ganhos de eficiência”, defendeu o primeiro-ministro. “Esta é uma boa lição de como poupar dinheiro aos contribuintes para investir no que é essencial, como nos equipamentos escolares, o que é ao mesmo tempo investir no país para que seja mais competitivo”, acrescentou.

“Lousada inscrever-se-á na história do país por ser o primeiro concelho a ter iluminação pública 100% LED”, sustentou.

 

Assinado protocolo para avançar com Unidade de Saúde de Lustosa

O dia trouxe também novidades para a Unidade de Saúde de Lustosa, cujas obras de adaptação deverão começar em breve. Foi assinado o contrato-programa de cooperação técnica e financeira, entre a autarquia e a ARS-Norte.

Para António Costa este é outro exemplo de reaproveitamento de instalações públicas, neste caso uma antiga escola. “O investimento numa unidade de saúde não é só um investimento nos cuidados de saúde próximos ao cidadão, é também uma poupança para o Serviço Nacional de Saúde já que o custo de atendimento no centro de saúde é 40% mais baixo do que o que é feito numa unidade hospitalar”, salientou.

Recorde-se que o processo já vai longo e arrasta-se desde 2011, altura em que foi assinado protocolo de cedência das antigas instalações da Escola de Bouça-Cova, que ficou vaga depois da construção do novo centro escolar da freguesia de Lustosa, para a instalação da unidade de saúde. A actual, que serve cerca de 5.000 utentes há muito que não corresponde às necessidades.