Algumas ainda nem tinham um mês, outras acabam de completar um ano. Em carrinhos de bebé ou ao colo, cerca de 140 crianças, acompanhadas por pais e familiares, foram, este domingo, homenageadas em Lousada, por terem nascido em 2018. Ao todo, 400 bebés nasceram no concelho no ano passado, sinal de vitalidade demográfica, acredita o município, que se orgulha que Lousada seja “o concelho mais jovem do país”.
Numa cerimónia “singela”, mas carregada de simbolismo, as crianças receberam uma medalha e um diploma.
“A demografia é um dos principais problemas do país. Lousada é um dos concelhos mais jovens de Portugal e está em contraciclo. Temos uma taxa de natalidade elevada e quisemos celebrar isso”, justificou Pedro Machado. Segundo o presidente da Câmara Municipal de Lousada, trata-se de uma forma de “dizer obrigado aos pais e mostrar que o concelho se orgulha desta juventude”.
O autarca espera ainda ajuda a “agitar consciências para a importância da maternidade e parentalidade”. “Precisamos, cada vez mais, de ter empresas amigas da família. É importante que as empresas percebam que é preciso criar condições para que funcionários possam ter filhos”, sustentou.
Pedro Machado não deixou de lembrar que o município aposta na qualidade de vida, na educação, desporto, ambiente, cultura e acção social e numa politica fiscal “amiga das famílias”, abdicando de receita, com IMI no mínimo e “descontos” no IRS.
Entre as apostas mais recentes da Câmara Municipal de Lousada para apoiar as famílias estão o alargamento do transporte escolar gratuito ao ensino secundário, o prolongamento de horário à entrada e à saída da escola, também gratuito, e o pagamento da creche ao terceiro filho e seguintes, explicou.
“Queremos criar condições para que as famílias tenham filhos. Isso não acontece com um cheque de 500 ou mil euros”, acredita.
“Lousada é um bom sítio para criar um filho”
“Lousada é um bom sítio para criar um filho. Aqui há muitos apoios e muitas actividades”, garantem Teresa Meireles e Daniel Fernandes, pais da Inês, de apenas um mês. Ainda não sabem se querem ter mais filhos, mas defendem que é necessário criar mais apoios à natalidade. “O abono de família devia ser um direito de todos”, deram como exemplo.
Paula Gomes, de 38 anos, já tinha um filho de 13 anos e agora tem o pequeno Vasco, de 10 meses. Também afirma que devia “haver mais ajudas do Governo e das câmaras”. “Pensei muito antes de ter um segundo filho, é preciso fazer contas à vida. O orçamento é apertado e mais um filho torna as coisas mais complicadas, mas consegue-se”, refere esta mãe de Lousada. A empregada da indústria têxtil, que nunca teve problemas com a entidade patronal devido à maternidade, não esconde que é preciso alguma logística. “Levanto-me às cinco da manhã para ir trabalhar e ele fica com a avó. Não há infantário que o receba a essa hora”, comenta.
Ao contrário de Paula, Anabela Borges Magalhães, de 39 anos, foi prejudicada no trabalho por ser mãe, recorda com o segundo filho, Mateus, de sete semanas, ao colo. “A instabilidade profissional levou-me a adiar. Fui despedida de uma grande instituição bancária quando tive o primeiro filho”, conta. Desta vez, depois de um aborto por causa do stress, deixou o emprego para voltar a ser mãe. “Na banca a mulher é muito discriminada. Quero voltar a trabalhar no futuro, mas numa área diferente. Talvez num projecto próprio”, adianta. Esta lousadense também acredita que é preciso continuar a defender os direitos das mulheres e das mães. “Há pessoas que até podiam ter mais filhos, mas não há incentivos para isso”, diz.
Carla Ribeiro, de 29 anos, já queria ter sido mãe mais cedo mas teve que adiar devido a uma condição de saúde. Francisco, de nove meses, é o primeiro filho. “Ter um filho exige algumas contas, mas há alguns apoios”, afirma.