O presidente da Junta de Freguesia de Sousela, Diogo Aires, acusa os aterros da Rima e da Ambisousa, em Lustosa, de serem responsáveis por descargas poluentes que poluem o Rio Mezio naquela freguesia.
Segundo o autarca, a última descarga terá acontecido na madrugada de sábado e deixou o curso de água “com espuma, água turva e de cor avermelhada”.
“Há mais de uma década que temos descargas lá em cima nos aterros que vêm poluir o Rio Mezio. Fui a pé pelo rio acima e isto vai parar à zona do aterro. Não tem sido feito nada e isso revolta-me. Nunca houve uma investigação”, afirma Diogo Aires.
O presidente de Junta lamenta ainda que o Serviço de Protecção da Natureza e do Ambiente (SEPNA) da GNR não tenha ido ao local alegando falta de meios, enviando apenas uma patrulha. O mesmo já aconteceu noutras quatro situações que diz ter denunciado já este ano.
“Chamei as autoridades e a GNR veio cá, mas o SEPNA disse que não tinha disponibilidade de meios. Também informei o presidente da Câmara Municipal de Lousada”, afirmou ao Verdadeiro Olhar. “Só não há peixes mortos porque já não há peixes”, critica.
Contactados, tanto os responsáveis pelo Aterro de Resíduos Industriais Não Perigosos da RIMA, da SUMA, como os do Aterro Sanitário de Lustosa, sob alçada da Ambisousa, empresa intermunicipal que trata os resíduos do Vale do Sousa, negam ter procedido a qualquer descarga, no sábado ou nos últimos anos. “A Ambisousa nega qualquer tipo de descarga desta natureza nos últimos anos”, refere a entidade. “A empresa nega categoricamente que tenha procedido a qualquer tipo de descarga ilegal do lixiviado gerado no seu aterro, no passado dia 27 de Abril ou em qualquer outro período da sua exploração”, sustenta também a RIMA.
As duas empresas também garantem que não existiu qualquer avaria que justificasse uma descarga, ainda que acidental, e que cumprem todos os parâmetros legais no tratamento de lixiviados. “O aterro está licenciado, com todos os requisitos legais obrigatórios e efectua monitorizações periódicas por entidades externas. Todos os lixiviados produzidos no aterro são encaminhados para lagoas de retenção, onde é efetuado um pré-tratamento e posteriormente são encaminhados para Colector Municipal para tratamento final em ETAR”, clarifica a Ambisousa.
“O aterro da RIMA cumpre com todos os parâmetros a que está obrigado pelas suas licenças Ambiental e de Exploração e, enquanto empresa do universo SUMA, estabelece na sua política de gestão um compromisso com a sustentabilidade, procurando continuamente a melhoria da qualidade e da interação com o ambiente”, esclarece também a RIMA.
Ao Verdadeiro Olhar, a GNR salientou que, apesar de não ter uma equipa do SEPNA disponível, encaminhou para o local uma patrulha que tomou conta da ocorrência. Entretanto os militares do SEPNA já terão ido a Sousela tentar averiguar a origem da descarga.