Um conto natalício que fala do caminho de um homem que quer, desesperadamente, abraçar os filhos na noite de Natal, mas milhares de quilómetros os separam, assim como tantos outros silêncios de meses. Esta é mais uma história escrita por Gonçalo Teles Santos, natural de Lousada, e que a morte de um ente muito querido, o tio, o inspirou a arriscar e a pôr no papel a primeira obra, “Depois… resquícios de um longo regresso a casa…”, que não era mais do que uma coletânea de poemas que começou a escrever quando tinha 15 anos. Agora, surge “Um conto Depois … do Natal”.
Após o primeiro sucesso e “porque nunca tinha escrito uma história completa” decidiu transpor para a nova publicação algo “com que as pessoas se identificassem, como revelou ao VERDADEIRO OLHAR. As palavras que andam pelas páginas deste conto “têm algo de mim, mas também algo daquilo que o Gonçalo gostaria de ter sido ou vivido”.
Este conto fala de uma viagem de Samuel, entre Portugal e França, porque queria abraçar os filhos que viviam com a mãe. E queria vê-los no Natal. Um relato que é “uma história pessoal, uma metáfora de superação”. A personagem principal começa numa esplanada, no outono, uma estação triste. Um cenário que tantas vezes o Gonçalo também escolheu para desanuviar as suas tristezas. E à medida que a ação se desenrola, o autor, assim como a personagem, caminham em direção à luz, ao mês de dezembro, altura em que encontra os filhos e “a salvação pessoal”, como nos descreveu o escritor.
As influências de Gonçalo Teles Santos passam por Charles Dickens, um autor britânico que nos fez transbordar os bons sentimentos de Natal, com um conto que foi publicado a 19 de dezembro de 1843 e que teve uma tiragem inicial de 6.000 exemplares. Esgotou no dia 24 de dezembro. Em fevereiro do ano seguinte, havia nada menos que oito adaptações no palco. Para além deste escritor, o autor de Lousada também se inspirou em Miguel Torga, um dos principais escritores portugueses do século XX, um cético que era ligado às suas raízes e à natureza e que denunciou injustiças. Também defendeu liberdades e em vários escritos retratou um Portugal esquecido. Ambos os escritores deambulam na cabeça de Gonçalo Teles Santos, inspirando-o.
O novo livro já foi apresentado ao público, no Espaço Puro Flow, em Lousada. Entretanto, o autor já foi convidado para marcar presença na Feira do Livro da Batalha e em Alcobaça nos Amigos das Letras. “Não estava à espera de tanta recetividade”, diz Gonçalo Teles Sousa que, quando lançou o primeiro livro andava com ele debaixo do braço para o vender. Com o tempo percebeu que “Depois… resquícios de um longo regresso a casa” teve uma grande aceitação, porque “as pessoas compravam porque gostavam”. Na altura, os seus leitores, amigos e “até em casa diziam que devia escrever mais”. Foi talvez aí que tenha percebdio que este sonho se poderia tornar em realidade e, quem sabe, num modo de vida. Para já, o escritor de Lousada ainda está a assimilar os convites e a aceitação das suas histórias, quer sejam em poesia ou em prosa.
É que, nem há um ano, tal como o VERDADEIRO OLHAR noticiou, Gonçalo estreou-se nos escaparates de muitas estantes e a verdade é que ver-se refletido naqueles livros inspirou-o e transformou-o num homem mais feliz, tal como se querem os dias, tal como se quer o Natal.