Adriana Gomes é de Lustosa, Lousada, e está a fazer história no futebol feminino internacional. Depois de passar pelo Boavista, Braga e Benfica, há mais de dois anos fez as malas, e com todos os receios que uma decisão dessas implica, rumou a Itália onde, por duas épocas, jogou no Sassari Torres. A seguir, mudou-se para o Nápoles que milita na Série B e luta pela subida ao escalão máximo transalpino.
Desde que se lembra, Adriana Gomes brincava com uma bola nos pés. Por isso, aos oito anos, participava no desporto escolar, em Freamunde, e aos 15 foi sonhar para outros campos, como o do Boavista, do Braga e do Benfica. Sempre aspirou tornar-se jogadora profissional de futebol.
“Só quero que a minha mãe se sinta orgulhosa de mim”
Em entrevista ao Verdadeiro Olhar, a atleta conta que quando surgiu a possibilidade de jogar em Itália teve receio, “era outro país, outra língua”. Para além disso, custava-lhe deixar a mãe, o seu “apoio” e a pessoa que mais a ajudou e motivou a cumprir todos os seus sonhos e desejos ao longo dos seus 29 anos.
Adriana não tem irmãos e foi criada pela mãe que, a apesar das adversidades, “lutou” para que a filha se sentisse realizada. “Cresci num sítio muito pequeno e sou de uma família humilde, sem grandes possibilidades”. Mas a mãe da jogadora “lutou muito”, permitindo-lhe atingir todos os seus objectivos. Por isso, ao longo da entrevista, não se cansa de mostrar gratidão por tudo aquilo que ambas conseguiram, porque os sonhos da filha são também os da mãe.
E apesar de existirem dias em que pode estar mais triste, a jogadora consegue ultrapassar todas as adversidades e garante que, quando fala com a mãe diz-lhe sempre que “está tudo bem”, porque não a quer preocupar.
Quando olha para o seu percurso, Adriana só pensa na mãe e trabalha “para que ela se sinta orgulhosa”. É evidente que, não é fácil esta longe de casa, até porque só consegue regressar a Portugal “duas vezes por ano, no Natal e no Verão”, mas, e ainda assim, tem valido a pena. Em Itália “o futebol é mais evoluído”, “muito técnico e tático”, o que lhe possibilita “grande aprendizagem”. Assim sendo, “a experiência tem sido muito positiva, única”. A língua também não foi um problema, porque se adaptou bem e fala fluentemente italiano, assim como inglês.
O Nápoles milita na Série B e luta para subir à A e muito tem contribuído a jogadora de Lousada que em 14 jogos já marcou 12 golos. Um trabalho que é resultado de um esforço diário. Adriana Gomes confessa que vive “para o futebol”. Aliás, os seus dias são passados entre “treinos e ginásio”, uma rotina que acontece de terça-feira a sábado. Domingo é dia de jogo e as segundas são de folga. Mas nada disto é complicado, porque além de fazer o que gosta conta ainda com o “apoio de todas as colegas de equipa”, apesar de ser a única portuguesa do plantel.
Em relação ao futuro, desconhece se vai continuar em Itália, mas sabe que não quer regressar a Portugal. A viver e a trabalhar noutro país consegue ter “qualidade de vida, conhecer outras culturas e muitos lugares” que fazem com que se enriqueça culturalmente e cresça.
Nos próximos “cinco ou seis anos” é certo que vai continuar a jogar futebol. Depois, quer continuar na profissão, mas “ligada ao treino”.
Instada sobre os conselhos que daria a quem queira perseguir um sonho semelhante, a lousadense sublinha que o segredo é “nunca desistir, dar o máximo e acreditar, independentemente do que digam as pessoas à volta, algo que não se controla”. E a vida “encarrega-se de nós, permitindo-nos atingir aquilo que idealizamos”. E a vida tem permitido a Adriana subir até a um topo onde sempre sonhou estar quando, em criança, jogava à bola nas ruas de Lustosa.
Para já, promete continuar a trabalhar para conseguir levar o Nápoles à Série A. Depois, volta a fazer as malas para o ansiado regresso a Lousada, onde vai “aproveitar ao máximo” a companhia da mãe e dos amigos”, assim como “descansar e fugir da rotina”.