Somos separados por uma linha. Bem grossa. Quase intransponível. Momentos há em que a sua largura não é assim tão acentuada, o que amiúde contribui para que sejamos confundidos. Mas em momentos como o que vivemos hoje em dia, as diferenças são de tal forma vincadas que não há “Nelson Évora” que consiga saltar esta linha de um lado para o outro.
É fácil de ver o que nos separa?
São as declarações do líder nacional de um dos lados que afirma, sem pestanejar, que os impostos não aumentaram (segundo ele, até desceram no caso do Imposto s/ os Produtos Petrolíferos) quando todos sabemos (e sentimos na carteira) que nunca a carga fiscal esteve tão alta no nosso país.
São as declarações do líder local que 2 dias depois de afirmar que não sabe muito bem para que servem as empresas municipais, aprova a criação de uma nova sem ficar comprovado a sua sustentabilidade; ou que afirma (está escrito, não há como desmentir!) que a Câmara Municipal paga a 60 dias e, dias depois, a DGAL publica dados que comprovam que afinal, um fornecedor espera, em média, mais de 650 dias, mesmo depois da injecção de “oxigénio” da FAM que deveria contribuir para baixar consideravelmente este prazo.
São as declarações de um dos “aspirantes a líder local que assume que se desfiliaria da militância caso o seu partido assumisse uma judicialização da política, esquecendo-se (ou querendo que as pessoas se esqueçam) que os seus “camaradas” usaram e abusaram das instituições judiciais nos últimos 8 anos, criando um permanente “estádio de sítio” na política local, acusando tudo e todos de falta de seriedade e insinuando, em permanência, Executivos anteriores da Câmara Municipal eram responsáveis por acções menos claras.
Como está fácil de ver, estes factos engrossam a linha que nos separam. Mas há um facto que lhe dá tamanha amplitude e “altura” que me impede sequer de visualizar o que do outro lado se passa: a visão limitada do caminho a percorrer que nunca vai para além do prazo do mandato e das próximas eleições.
A matemática eleitoral é inquestionavelmente importante para um partido. Também o é para o PSD. Mas o que nos move não é a vitória nas eleições vazia de conteúdo e assente no poder como fim última da nossa acção. O que verdadeiramente nos/me move é garantir um futuro melhor para a próxima geração. Mesmo que para tal tenhamos que fazer menos inaugurações, instalar menos estátuas nas nossas praças ou realizar menos passeios e festas (sejam dos chapéus das flautas ou de outro instrumento qualquer!).
Porque para nós, o futuro do concelho/região/país vai para lá dos 4 anos de mandato. E desta visão não desviamos, nem mudamos para o outro lado da linha. Apesar de estando conscientes que percorrer este caminho é bem mais difícil e sinuoso. Mas não tenho dúvidas que, mais cedo do que tarde, a população voltará a rever-se no “nosso lado da linha”. E quando isso acontecer, cá estaremos, prontos para ajudar, em conjunto com as associações e outras entidades da sociedade civil, a garantir um futuro melhor para todos os que cá vivem ou que para cá queiram vir viver.