Duas jovens de Lousada, licenciadas em Criminologia, querem fazer um diagnóstico à violência contra as mulheres no concelho. Os resultados do inquérito que estão a realizar, no âmbito na violência doméstica e no namoro, deverão ser apresentados em Abril.
Contam com o apoio de outros três jovens, no âmbito de uma medida de estímulo ao emprego do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP).
“Isto já é uma grande ajuda para o nosso currículo e uma esperança para encontrar emprego”, explicam Vânia Moura e Sofia Cardoso.
Os jovens estiveram no Espaço AJE, no dia em que comemorou o 12.º aniversário, a apresentar o projecto e a realizar um pequeno teatro sobre violência no namoro para as cerca de duas centenas de crianças e jovens presentes.
“Esta é uma realidade actual. É bom que a consciência desperte e que sejamos todos intolerantes à violência”, apelou o presidente da Câmara Municipal de Lousada, Pedro Machado.
Não cruzaram os braços e continuam à procura de emprego
O projecto Investigarte é apoiado pela Câmara Municipal de Lousada e pelo IEFP, que procuram ajudar os jovens que já não estudam mas que ainda não integraram o mercado de trabalho.
Sensibilizar para as questões ligadas à violência, mostrando que “não leva a nada, nem traz nada de bom”, é o objectivo. Pretendem ainda com esta investigação “entender as causas, a dinâmica e a natureza da violência doméstica e da violência no namoro”.
Vânia Moura e Sofia Cardoso conhecem-se há 16 anos e frequentaram a mesma licenciatura em Criminologia, no ISMAI. Sem encontrar emprego, resolveram juntar-se e apresentar uma proposta de projecto à Câmara de Lousada. “Sugeriram que tratássemos as duas temáticas que apesar de serem diferentes se interligam: a violência no namoro e a violência doméstica”, contam. “Até porque a violência no namoro é preditora da violência doméstica decidimos fazer o nosso estudo sobre isso, já que não há estatísticas em Lousada”, acrescentam.
Foram para o terreno em Outubro e querem apresentar resultados em Abril. Juntamente com Diogo, Luís e Marlene (jovens propostos pelo IEFP) estão a realizar actividades para divulgar o projecto. As próximas decorrem no Dia dos Namorados e incluem uma tertúlia. Os inquéritos, que distribuíram junto dos jovens e comerciantes, também estão a decorrer online.
Vânia e Sofia não cruzaram os braços e continuam à procura de emprego, na área de formação e fora dela. “Isto já é uma grande ajuda para o nosso currículo e uma esperança para encontrar emprego. E uma forma de dar voz aos criminólogos, mostrar que há muitas coisas que podemos fazer e que são importantes para a nossa comunidade”, garantem as jovens.
Durante o aniversário do Espaço AJE foi construído um mural criativo onde todos foram chamados a deixar um registo contra a violência.