Daniel Gonçalves, um jovem natural de Rebordosa, Paredes, foi um dos vencedores do Fashion Design Competition, cuja cerimónia decorreu no Palácio da Bolsa, no Porto, tendo arrecadado o prémio regional, atribuído a sete países e o prémio geral de calçado.
O concurso contou com a presença de 33 candidatos distribuídos pelas categorias de ‘designers’ de moda e ‘designers’ do calçado. Para além de Portugal, marcaram presença no concurso países como a Alemanha, Bélgica, Espanha, França, Itália e Reino Unido e República Checa.
No sector do calçado, apresentaram-se a concurso quatro países ( Portugal, Itália, República Checa e Espanha), num total de 12 participantes.
Ao Verdadeiro Olhar, Daniel Gonçalves, de 26 anos, vencedor europeu do design do calçado, manifestou que esta distinção veio reforçar a vontade que tem de trabalhar nesta área.
“Foi uma recompensa e um incentivo para continuar e não desistir daquilo que acredito que posso fazer, mas as coisas mais importantes que estes prémios trazem é a oportunidade de mostrar o nosso trabalho e a visibilidade que nos dá e que pode funcionar como uma oportunidade de lançamento”, disse.
A proposta vencedora na categoria de design do calçado e que conferiu ao jovem designer Daniel Gonçalves o prémio foi inspirada em motivos náuticos e resultou na criação de umas botas pretas de pele e material sintético.
“O meu projecto está inserido num contexto histórico relacionado com a história e indústria marítima de Portugal. A proposta concentrou-se no desenvolvimento de uma bota de homem, cuja inspiração são os trabalhadores desta mesma indústria. Trabalhadores esses, cujo vestuário de protecção é graficamente desconstruído pelo tempo. O processo surge como mote – materiais em bruto, elementos náuticos como as cordas e o metal, são características da bota proposta. O estilo desconstrutivo da bota relembra um protótipo e remete para a construção dos navios, no qual diferentes peças são unidas e sobrepostas com elementos metálicos. Os tons quentes dos metais aquecidos e o desgaste do tempo são explorados na cor da bota, num tom avermelhado escuro e preto”, frisou.
Falando, ainda, do concurso europeu, Daniel Gonçalves assumiu que entrou no concurso com o objectivo de conquistar alguma coisa, mas nunca obter dois prémios.
“Não quis criar expectativas, mas entrei no concurso com o intuito de tentar trazer um prémio para casa, participar sem ter esse pensamento acho que não fazia sentido. Mas nunca pensei em ganhar os dois prémios”, acrescentou.
Ao nosso jornal, o jovem criador paredense reconheceu, também, que a distinção que lhe foi conferida representa uma responsabilidade positiva que lhe vai permitir evoluir ainda mais.
“É um tipo de responsabilidade e pressão boa no sentido em que vai obrigar-me a mostrar mais de mim e que certamente vai fazer-me evoluir. Até ao momento ainda não tive um feedback a esse nível, mas é sempre um ponto de referência ter ganho o concurso. Espero que possa servir de exemplo e que incentive tantos outros porque se eu consegui chegar até aqui, outros também irão conseguir”, afiançou, reiterando ter ficado agradado pelo facto do seu prémio ter sido reconhecido, também, pelo executivo de Paredes que recebeu e homenageou o jovem nos paços do concelho.
“Penso que ficou toda a gente contente. Quando temos “gente da terra” a ser reconhecida, seja em que área for, é sempre um orgulho”, atestou.
Sendo de um concelho em que predomina a fileira do mobiliário, Daniel Gonçalves salientou que o que o fez enveredar pela área do calçado foi o facto do município da Rota dos Móveis já estar rodeado pelo mobiliário.
“O calçado sempre foi algo que me despertou interesse”, garantiu, realçando que, no futuro, gostava de lançar uma marca própria de calçado.
“É algo que quero fazer, mas não o vejo a acontecer a curto prazo. É uma área difícil, onde o investimento é significativo, no qual irão ser necessários apoios. Terá de ser um projecto bem delineado”, confessou.
“Paredes, que é conhecido pela Rota dos Móveis deveria de começar por incentivar e apoiar o curso de Artes Visuais (o que neste momento não acontece e que nem é apoiado pela própria escola) para que haja um maior número de jovens ligados ao design…”
Quanto ao futuro do mobiliário, Daniel Gonçalves considerou que apesar desta ser uma área que tem crescido nos últimos anos, há muito por fazer.
“Por mais que tenha existido uma evolução e que haja boas perspectivas para o futuro, seja qual for a área, penso que ainda há muita coisa a mudar. A começar por mudar são as mentalidades de quem está a frente das empresas e das entidades que gerem o país, os municípios… Deve haver uma maior aposta nas gerações mais novas e as empresas deviam de estar mais em contacto com as escolas. Cada município devia de incentivar os jovens a envergar pelas áreas em que a região é forte.Neste caso, Paredes, que é conhecido pela Rota dos Móveis deveria de começar por incentivar e apoiar o curso de Artes Visuais (o que neste momento não acontece e que nem é apoiado pela própria escola) para que haja um maior número de jovens ligados ao design para que possam ser o futuro deste ramo no concelho” afirmou.
Daniel Gonçalves estudou artes na Escola Secundária de Paredes, licenciou-se em Design de Produto na ESAD e trabalha numa multinacional do calçado. Presentemente estuda Design do Calçado na Lisbon School of Design.