“Ia com vontade de trazer a medalha de ouro para casa e consegui. Correu bem”. É desta forma simples que Ricardo Sousa, formando do Cenfim de Ermesinde, descreve a participação no Campeonato Nacional das Profissões, em Portimão. Terminou as provas conquistando o título de campeão/a medalha de ouro na profissão de Desenho Industrial CAD. Está já apurado para representar o país nos campeonatos da Europa, que se disputam em Setembro, na Polónia.
Ricardo Sousa, de 19 anos, de Ermesinde, sucedeu no título ao colega João Teixeira, também do Cenfim de Ermesinde, que venceu o campeonato nacional na mesma categoria, o europeu e depois o mundial.
O jovem formando, actualmente a frequentar um curso de Mecatrónica, “para complementar a formação e saber novas coisas”, realça que esta conquista abre portas no “mercado de trabalho”.
O Cenfim de Ermesinde conquistou mais medalhas. Isabel Rodrigues conseguiu a prata, também em Desenho Industrial CAD. O título de vice-campeão (Prata) foi ainda para Diogo Gomes, em Fresagem CNC, para a equipa de Daniel Silva e Duarte Serra, em Mecatrónica Industrial, e para Guilherme Sousa, em Soldadura. Já Cristiana Ferreira conquistou uma Medalha de Excelência em Prototipagem Rápida (embora tenha sido 2.ª classificada, dado se tratar de uma profissão em demonstração, no pódio apenas é atribuída a medalha de ouro).
“Só pensava que tinha de fazer um bom resultado”
Ricardo Sousa fez o percurso escolar em Ermesinde e diz que “sempre” foi “bom aluno”, de “quatros e cincos”. As disciplinas preferidas eram Matemática e Físico-Química.
Quando terminou o nono ano, ficou indeciso sobre ingressar no ensino secundário regular ou no Cenfim de Ermesinde. “É muito cedo para decidir”, assume. Foi conhecer as instalações, os professores e as disciplinas do Cenfim e decidiu “apostar” nesta vertente e “experimentar” um ensino mais técnico. “Interessei-me pelo curso por ser mais prático e pelas disciplinas que tinha”, refere, em relação ao curso de Técnico/a de Desenho de Construções Mecânicas. “Era uma área totalmente diferente e parecia difícil quando comecei”, reconhece. Esse curso, com equivalência ao 12.º ano, já está concluído, estando agora numa nova formação na área da Mecatrónica.
O jovem de Ermesinde já sabia que existiam os campeonatos das profissões, mas isso não lhe despertou a atenção, inicialmente. Ao longo do curso foi incentivado a inscrever-se e acabou por fazê-lo juntamente com outros colegas de turma.
Começou por competir no Cenfim Skills, uma prova só com alunos do Cenfim, em Novembro do ano passado. Foi a primeira “competição a sério” e uma experiência nova, explica Ricardo Sousa. Ele e os colegas ficaram “nos primeiros lugares” e daí foram seleccionados alunos para ir representar o Cenfim aos Campeonatos Nacionais, através de provas de selecção.
Ir representar o Cenfim era “uma grande responsabilidade”, assume o formando. “Só pensava que tinha de fazer um bom resultado, depois de toda a ajuda e motivação que nos deram”, refere.
Foram três dias de provas, em Portimão. “Foi uma prova desafiante e difícil já que tinha muitas tarefas e, para a quantidade de peças que tinha de fazer, tinha de haver uma boa gestão de tempo. Fiz primeiro o que sabia, para garantir pontos”, esclarece Ricardo. Depois passou ao mais difícil. E a estratégia parece ter resultado.
Durante a prova, não tinha noção de como estava a correr. “Não tinha tempo de olhar para o lado, tinha de estar concentrado. E os intervalos eram desfasados, não tinha noção do trabalho que os outros fizeram”, explica o jovem. Por isso, só na sessão de encerramento percebeu que tinha vencido. “Quando chamaram o meu nome foi surpreendente. Fiquei animado porque consegui o objectivo”, recorda o vencedor.
O estudante acredita que esta vitória pode abrir “muitas portas” no mercado de trabalho e acredita mesmo que se quisesse, hoje, ir trabalhar, conseguiria emprego. Mas quer acabar mais esta formação complementar. No futuro gostaria de trabalhar na área de desenho de projecto, já que gostou muito da experiência de estágio já realizada.
Com a vitória no Campeonato Nacional, ficou apurado para ir ao europeu das profissões e segue-se agora um período de preparação. “Vai ser mais uma experiência nova e desafiadora. Vamos competir com os melhores formandos e com outro histórico de treino. Vou tentar o meu melhor”, promete Ricardo Sousa, que quer seguir as pisadas de João Teixeira e trazer a medalha.
No Cenfim de Ermesinde, conta, há sempre muito apoio: “Estão sempre dispostos a ajudar e a tentar puxar por nós”.
O Campeonato Nacional das Profissões realiza-se a cada dois anos e, em 2023, foi na Arena de Portimão que 364 jovens altamente qualificados competiram entre si, em mais de 50 profissões. Foram atribuídas 184 medalhas (de ouro, prata, bronze e excelência).
Os campeonatos das profissões são competições dirigidas a jovens entre os 17 e os 25 anos, que concluíram ou se encontram a frequentar um percurso de qualificação, em modalidades de educação e formação profissional, e visam demonstrar o nível individual de competências, rigor e domínio de técnicas e de ferramentas para o exercício de cada profissão a concurso, através da realização de provas práticas de desempenho avaliadas segundo critérios exigentes e de acordo com prescrições técnicas estabelecidas internacionalmente por júris compostos de peritos altamente qualificados (formadores, profissionais, empresários). A meta é “aferir a eficácia da formação profissional ministrada pelos diferentes operadores, e, simultaneamente, induzir factores de crescente qualidade, inovação e criatividade nos processos de ensino-aprendizagem”.
