“Este último mandato será de luta contra a solidão”. As palavras foram de José Manuel Ribeiro que, em conjunto com todos os eleitos do município, assinou por mais quatro anos à frente da Câmara Municipal de Valongo.

Num discurso em que mostrou preocupação pelo futuro, o socialista assumiu que é preciso lutar contra uma condição, fruto da pandemia e de outras circunstâncias, em que as pessoas “estão fechadas numa bolha” e “falam cada vez menos”. “Que mundo é este?!”, questionou o autarca que elevou o tom e pediu a todos para que “estimulem o convívio uns com os outros”.

A programação de eventos culturais “ao longo de todo o ano” é uma das bandeiras de José Manuel Ribeiro, apelidando o actual “mundo das bolhas e das redes sociais como ilusório”.

“Em cada 100 pessoas votaram 47. Isto é de uma gravidade extrema”

E nada melhor para rebentar com essas bolhas que criar eventos e ‘obrigar’ os valonguenses a deixarem de estar fechados em casa. Para provar esta preocupante e actual condição, o autarca lembrou os níveis de abstenção aquando os actos eleitorais, sobretudo as últimas autárquicas. “Em cada 100 pessoas, votaram 47. Isto é de uma gravidade extrema”, considerou. Por isso, o presidente promete arregaçar as magas e começar a trabalhar em prol da cultura e dos eventos que levem as pessoas “a saírem à rua (respeitando as regras, claro), porque se não o fizermos vamos ter problemas graves no futuro”.

Foto: Márcia Pimparel Vara/Verdadeiro Olhar

As palavras do autarca ecoaram na tenda gigante, montada no Parque Vale do Leça, em Alfena, e que juntou muitas centenas de pessoas, entre elas, autarcas da região, representantes das forças de segurança, bombeiros, entidades hospitalares, associações, e muitas outras figuras, assim como população local.

Em muitos momentos do discurso, José Manuel Ribeiro foi aplaudido e um desses aplausos aconteceu quando fez questão de agradecer e destacar o trabalho da Comissão Municipal de Protecção Civil, constituída pela PSP, GNR, Bombeiros, Hospital, ACES, Segurança Social, entre outras entidades, que, e no último ano, “fizeram a um trabalho notável”, no sentido de debelar a pandemia.

“Vou continuar a ser o mesmo Zé Manel de sempre”

Agradecimento à parte, o edil lembrou que durante a campanha não fez promessas eleitorais, porque o seu trabalho vem de 2003 e estes quatro anos são de continuidade. Sublinhou que vai “continuar a ser o mesmo Zé Manel”, que apresenta “um Governo de todos o para todos, para os que votaram no PS e os que não votaram”.

Foto: Márcia Pimparel Vara/Verdadeiro Olhar

Recusou avançar com promessas antes do dia 26 de Setembro, mas hoje assumiu compromissos que passam, por exemplo, pela “redução gradual do IMI, até chegar aos 0,35%”, a “compra do antigo Cinema de Ermesinde, a reformulação do Fundo Municipal de Emergência Social. E sobre este último ponto, José Manuel Ribeiro tratou de exultar a população para que se souber de pessoas que precisem “quem não se calem”.

Um aumento no apoio oriundo das bolsas para estudantes universitários do concelho,  a ajuda às IPSS’s (Instituições Particulares de Solidariedade Social), a melhoria da saúde, a Estratégia Local de Habitação, esta última com uma verba de 41 milhões de euros, assim como projectos de férias “toca a mexer”, o aumento do Orçamento Participativo, a implementação do provedor do munícipe, um projecto de combate ao insucesso escolar, um reforço de verbas que serão canalizadas para instituições locais de cariz social  e desportivo e a ampliação do Centro de Recolha Animal, foram outros dos pontos que José Manuel Ribeiro elencou para este quatro anos.

Mas a obra não se vai ficar por aqui. O projecto transparência e integridade – zero corrupção, o combate à burocracia, o melhoramento dos transportes e das infra-estruturas, mais hortas biológicas, a recuperação dos rios Leça e Ferrera, mais parques e espaços de lazer, a construção das piscinas de Campo e Ermesinde e, ainda, atrair mais investimento de “500 milhões de euros”, “captado e realizado no terreno” que se traduza na criação de “4000 postos de trabalho”, foram outros dos pontos debitados por José Manuel Ribeiro, o autarca que não escreve discursos, mas que se foi orientando por tópicos.

“Tivemos mais votos que todas as forças políticas juntas. A população deu-nos um cartão verde!”

Mas o edil não falou só de tudo aquilo que tem em carteira e que pretende concretizar. Aproveitou o momento para lembrar a todos que a sua liderança foi bem sufragada. E justificou: “tivemos mais votos que todos as forças políticas juntas”. Quer isto dizer que a população de Valongo deu “um cartão verde” ao projecto político socialista.  

Foto: Márcia Pimparel Vara/Verdadeiro Olhar

“Desde novo que queria ser Presidente de Câmara. Porque sempre acreditei que poderia dar um toque de Midas”

A noite ia entrando pela tenda e as palavras continuavam a sair a José Manuel Ribeiro que aproveitou o último discurso de eleição como autarca para dizer que, desde novo, “sempre quis ser presidente de Câmara”. Porquê? Porque gosta muito de Valongo e sempre acreditou que poderia “dar um toque de Midas” ao município. Porque sempre defendeu uma “democracia de proximidade” e exercer o poder autárquico tem-lhe permitido levar a cabo esse sonho. Porque a Educação está na essência de todo o seu percurso. E é nessa área que faz questão de gastar mais de “30 por cento” do orçamento municipal.

“Não estamos condenados à condição de partida. Filho de pobre não tem que ser pobre”

A terminar, José Manuel Ribeiro não deixou de dar uma nota de esperança a todos os valonguenses, porque “não estamos condenados à condição de partida. Filho de pobre não tem que ser pobre”. Mas, para que essa premissa seja absorvida por todos, é necessário que se combata “a pobreza de espírito, que destrói tudo e todos”.

E porque quem vence tem que saber ganhar e “é tão digno ser presidente da Câmara como líder da oposição”, o socialista lançou um repto a todos os elementos da oposição: “Ajudem-me. Colaborem”. Vamos fazer de todo o município de Valongo a “nossa principal causa”.