É comandante de “primeira viagem”, mas os bombeiros fazem parte da sua vida há cerca de 25 anos. José Freitas é o novo comandante dos Bombeiros Voluntários de Lordelo. O natural de Baltar, de 39 anos, quer dar nova dinâmica ao corpo activo e promete que a formação será a principal prioridade. Também espera atrair novos elementos.

 

É agente da Polícia de Segurança Pública

Pode-se dizer que o quartel dos Bombeiros Voluntários de Baltar foi, literalmente, o berço de José Eduardo Freitas. Desde pequeno que acompanhava o pai, actualmente chefe da corporação, e os irmãos, que também são bombeiros, numa actividade que sempre o apaixonou.

Foto: Fernanda Pinto/Verdadeiro Olhar

“Ia para o quartel desde pequeno e o bichinho cresceu ainda mais num dia em que, quando lá estava, tocou a sirene para um fogo industrial e vi toda a adrenalina dos bombeiros a vestir-se e a preparar-se para sair. Devia ter uns sete anos. Foi aí que decidi que queria ser bombeiro”, recorda.

Teve que esperar. Só por volta dos 14 anos pode ingressar na formação. Depois foi bombeiro, sub-chefe e adjunto do comando dos Bombeiros de Baltar, até que, recentemente, recebeu o convite para vir comandar a corporação lordelense. “Senti-me lisonjeado. Foi um orgulho enorme”, não esconde o também tripulante de ambulâncias de socorro e formador da Escola Nacional de Bombeiros.

Do lado profissional, José Freitas também dedica a vida à mesma causa de ajudar as pessoas: é agente da Polícia de Segurança Pública.

“É difícil conciliar tudo?”, perguntamos. Com “paixão e dedicação” e “quando há vontade” arranja-se tempo para tudo, defende. Conta ainda com a ajuda da esposa, uma “bombeira sem farda”, e dos filhos, que lhe dão apoio.

Foto: Paulo Alexandre

“Sei que este corpo de bombeiros tem pessoas com muito potencial e garra”

O corpo de bombeiros de Lordelo era, há muito, conhecido de José Freitas, que ali se deslocava muitas vezes a dar formação. Muitas foram também as ocasiões em que se cruzaram no teatro de operações. “Sei que este corpo de bombeiros tem pessoas com muito potencial e garra”, diz.

Por isso, e porque considera que existe nos Bombeiros de Lordelo, uma direcção unida e uma “referência no concelho”, aceitou o desafio de assumir, pela primeira vez, as funções de comandante. “Sei que esta corporação vai andar para a frente. O meu grande objectivo é a formação”, sustenta José Freitas.

Foto: Fernanda Pinto/Verdadeiro Olhar

Essa formação vai ser transversal a todas as áreas, passando pela emergência pré-hospitalar, pelos incêndios urbanos e florestais e pelo salvamento e desencarceramento, e estará aberta aos cerca de 90 elementos do corpo activo. Também pretende formar tripulantes de ambulância de socorro, já que grande parte do serviço dos bombeiros voluntários passa pela área pré-hospitalar.

O comandante também quer criar dinâmica na parte operacional, fazendo promoções e preenchendo todos os cargos do corpo activo.

Por outro lado, quer atrair novos bombeiros, “gente nova e com mentalidades diferentes”. Mas confessa que é cada vez mais difícil atrair e fixar os jovens, que acabam por ter que estudar ou trabalhar fora do concelho e que também se assustam com a necessidade de terem que fazer 350 horas de formação. “Ser bombeiro agora não é só para quem quer, não basta ter vontade de ser bombeiro”, salienta.

Foto: Fernanda Pinto/Verdadeiro Olhar

José Freitas sente-se bem recebido e acarinhado no quartel e acredita que, com todo o apoio da equipa que tem à sua volta, ser comandante será uma tarefa fácil. Além disso, diz-se acima de tudo bombeiro e disponível para ir para o terreno sempre que possível. Aos soldados da paz que lidera pediu, durante a tomada de posse, disciplina e lealdade.

“Ser bombeiro é uma missão com muita responsabilidade. O objectivo tem que ser servir o próximo e não servir a si mesmo”, defende.