Decorreram, na semana passada, as I Jornadas da Educação Dr. Leão de Meireles, que reuniram, em Paços de Ferreira, vários especialistas da área e a comunidade escolar do concelho. O ex-Ministro da Educação e presidente do Conselho Nacional da Educação, David Justino, foi um dos oradores, falando sobre “Contextos locais de insucesso no desenvolvimento educativo”.
As actividades decorreram no salão nobre da Câmara Municipal e no Gaveta, espaço cultural recentemente inaugurado no Parque Urbano.
O tema destas jornadas foi “Família, escola e comunidade: o seu papel no desenvolvimento das crianças e jovens” e foram vários os oradores presentes.
Na sessão de abertura, o presidente da Câmara Municipal de Paços de Ferreira, Humberto Brito, reafirmou a Educação como prioridade. “O compromisso com a Educação foi e continua a ser no programa autárquico desenvolvido pelo actual executivo municipal a nossa divisa”, afirmou.
Num discurso em que lembrou o papel importante de Joaquim Leão de Meireles para o concelho e o seu percurso – sendo que estas jornadas dão início à celebração das comemorações do centenário do seu falecimento, que terão lugar dentro de dois anos -, Humberto Brito falou da Educação como chave para o desenvolvimento pessoal e da comunidade. “Alcançar uma educação inclusiva, que acolha todas e todos, implica desenvolver uma educação participativa numa sociedade cada vez mais competitiva, isto quando vivemos com modelos educacionais conservadores, onde os menos capazes tendem a ser excluídos e segregados”, defendeu. “Acreditamos numa Educação inclusiva e ao alcance de todos. Reafirmamos a importância do serviço público da Educação, considerando-a como um serviço essencial, que deve ser acessível a todos, sem distinção de classes, em condições de igualdade de oportunidades, com garantia de regularidade e continuidade, adaptada progressivamente às mudanças sociais e novas necessidades educativas”, disse o autarca. Sendo que “partilhar, envolver, dialogar”, são instrumentos fundamentais do exercício do poder púbico e do poder autárquico, para definir os caminhos a seguir.
O presidente da Câmara Municipal salientou ainda que a “Educação terá ser mais do que a simples valorização de um sistema corporativo de ensino”. “É muito mais que uma aritmética; é muito mais que uma variável introduzida na gestão política nacional ou autárquica: É um conjunto de factores emotivos capaz de unir paixão e competência, que agrega uma comunidade educativa, que valoriza o papel do professor e dos demais elementos da comunidade educativa. Espero que estas Jornadas nos enriqueçam a todos”, sustentou.
Médico, Republicano, Joaquim Leão de Meireles teve forte influência na vida de Paços de Ferreira, depois da Implantação da República. Foi administrador do concelho, presidente da Câmara Municipal, deputado e senador da República.
O pacense foi percursor na defesa da Educação e a ele se deve a construção das primeiras escolas do concelho, a construção do edifício camarário e a construção do primeiro Hospital, o Hospital da Misericórdia de Paços de Ferreira. Foi ainda fundador do primeiro jornal local: o Jornal de Paços de Ferreira.
Faleceu em 1918, vítima de febre epidémica.
“Como Homem e como Médico serviu sem olhar a estratos sociais, colocando-se ao lado dos mais frágeis, defendendo com convicção os Homens e as Mulheres deste concelho, sem distinção económica e social”, constatou Humberto Brito no seu discurso. Prova disso é a frase que depois da sua morte ficou escrita no livro de Actas da Comissão Executiva da Câmara Municipal: “Quão grande foi o seu desinteressado amor pela sua terra e pelo seu povo”.
“Perseguido pela calúnia e pela má prática política ignorou a maledicência; e nunca se desviou do caminho que traçou para fazer deste concelho uma terra de bons costumes, empreendedora, de igual oportunidade para todos os cidadãos, independentemente dos credos e das classes sociais. Foi acossado, confrontado, ameaçado, mas resistiu. Soube dizer Não! Sem nunca se curvar à perversão do jogo político motivado por interesses particulares”, elogiou ainda o presidente da Câmara Municipal de Paços de Ferreira.
“Soube melhor do que ninguém interpretar os sinais de um tempo novo, respirar um novo ar, menos bafiento, e mais jubiloso em que todos, sem excepção, passaram a ter acesso à educação e em que a separação dos poderes do Estado, face a outros poderes, fosse uma realidade. Este Homem Bom soube bater o pé em defesa do colectivo e em detrimento dos interesses particulares. Serviu sem se servir, lutou sem medo de represálias, defendeu sem receio de poderes ocultos. São estas características humanistas, são estes princípios democráticos, que inspiram a actual governação municipal”, acrescentou o autarca.