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Há conclusões “enviesadas”, “extrapoladas e tendenciosas” no estudo encomendado pela Recivalongo à Biota que conclui que o aterro em Sobrado não é causador de “insectos prejudiciais à saúde pública”, sustenta comunicado da Jornada Principal.

A Associação que representa a população e luta pelo encerramento daquele equipamento, tem vindo a divulgar imagens de dezenas de pessoas afectadas por picadas de insectos que obrigam a tratamento, atribuindo culpas à proximidade do aterro às escolas e habitações.   

“A Associação Jornada Principal lamenta que a Recivalongo se vanglorie com um estudo encomendado e que, visto em pormenor, chega a ser dúbio em ter dados que corroboram com tudo aquilo que temos defendido mas que, em simultâneo, salienta conclusões enviesadas, por saberem serem essas as que passam para a comunicação social, numa tentativa de transmitir à sociedade a legalidade de uma actividade que já não tem mais forma de defesa”, argumentam no documento enviado.

Os responsáveis pela Jornada Principal salientam que na zona do aterro foram, de facto, encontrados “mais insectos”, segundo o estudo. “É importante ter cautela quando se afirma não haver relação com as espécies perturbadoras do bem-estar da população e a actividade do aterro porque, efectivamente, não é isso que transparece!”, salientam.

Questionam também a escolha da área de controlo/comparação, “localizada numa zona de campo/floresta e perto do rio Ferreira, onde há naturalmente predominância de insectos do meio natural”. “Já que também concluem que a existência de insectos se deve às características do meio rural, então seria necessário dar robustez ao estudo e escolher mais duas zonas de controlo: uma delas, no seio da população que se queixa das picadas, a uma zona equidistante entre a primeira zona de controlo e as instalações da Recivalongo, e a outra numa outra zona perto do rio mas longe do aterro e aparentemente sem poluição, para que se possa confirmar o que querem fazer transparecer com as conclusões que nos mostram. Caso contrário, estamos a falar de conclusões extrapoladas e, por inerência, tendenciosas” afirmam em comunicado.

Referem ainda que “não são explicados em detalhe os métodos de amostragem” e que a conclusão é “completamente descabida e deixa bem claro o viés do estudo”, até pelas inúmeras queixas recebidas pela Associação.

“A prevalência de insectos é potenciada pela actividade do aterro, neste caso o da Recivalongo, mais ainda por receberem resíduos bio-degradáveis naquele período e, por muitas vezes, não fazerem a sua cobertura diária com terras, como aliás concluiu a dita comissão de acompanhamento criada”, insiste a Jornada Principal. “Mais ainda, a penúltima conclusão apresentada no estudo desconsidera por completo o efeito dos maus-cheiros na atracção de pragas, algo tão estudado e tão óbvio que diz muito mais sobre a intenção do dito estudo do que possam fazer crer e desacredita por completo os técnicos de ambiente da Agência Portuguesa do Ambiente e da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional nas conclusões que retiraram por altura da inspecção realizada pela comissão de acompanhamento”, acrescentam em comunicado.

A Associação diz que vai aguardar “as conclusões dos estudos dos Ministérios do Ambiente e da Saúde para poder tirar as devidas ilações, esperando que, pelo menos esses, tragam resultados isentos e com critérios claramente definidos, já que este estudo parece ter sido resultado de uma parceria conjunta entre a Recivalongo e a Biota, para se transmitir o que se quer e não o que é”.

Por fim, prometendo continuar a lutar pelo encerramento do aterro, os responsáveis pela Associação criticam que “só depois de ter sido interposta uma acção popular em tribunal tendo em vista a nulidade das licenças de exploração e ambiental do aterro, a Recivalongo tenha decidido convocar este estudo de limpeza de imagem, quase dois anos depois de o ter realizado”. “A apresentação do estudo foi uma questão de necessidade de quem não sabe mais como agir ou já de desespero?”, questionam.