À porta da tenda onde se pode provar o vinho novo, na Quinta de Puços, em Penafiel, estão mãe e filha a vender castanhas, “quentes e boas” como manda a tradição de São Martinho.
No ar há fumo e cheiro a castanha assada. Já as mãos de Fátima Sousa, de Penafiel, estão cobertas de carvão. Há 19 anos que é assim.
Começa a vender por alturas do São Simão, junto à Câmara de Penafiel, mas é no São Martinho que mais se trabalha, admite. Este ano estão expectantes sobre como vai correr, porque a inflação aumentou o preço da castanha e diminuiu o poder de compra das pessoas.
Ainda assim, diz a penafidelense, este primeiro dia começou bem. “Nunca pensei que começasse tão bem”, confessa. A castanha assada, a dois euros a dúzia no ano passado, custa agora três euros. Os clientes percebem “que não há castanha e que está mais cara” e não têm, para já, reclamado.
No São Martinho vende-se bem, mas há também muito trabalho a fazer. A venda de castanha funciona ali, no recinto, das 10h00 às 23h00 ou meia-noite. E toda a família ajuda, desde as filhas ao irmão, já que, para além de assar, é preciso dar cortes nas castanhas, preparar as panelas, arranjar carvão…
Ao lado, a vigiar as panelas e agitar o abanador para que o carvão não esmoreça está, desta vez, Márcia Cardoso, de 22 anos. Mas a irmã também ajuda. Ela já assa castanhas com os pais desde que se lembra e a mãe já lhe ensinou os truques, afirma. “Este ano estávamos com medo que não houvesse tanta procura, porque a castanha está muito cara, e as pessoas não querem gastar dinheiro. Mas para já está a correr bem”, confirma. “Trabalhamos todos muito no ano passado, foi um ano muito bom”, lembra Fátima. Este ano paira o receio de que as pessoas não comprem. “Está tudo muito caro, não sabemos em que vão cortar. Vamos buscar castanhas aos 200 quilos de cada vez” a ver como corre, dá como exemplo.
Por São Martinho, Fátima costuma vender mais de mil quilos de castanhas assadas. Segredos não há. Há truques e experiência. “No meu caso trabalho com sal da salgadeira e carvão feito no forno a lenha e não carvão vegetal e potes de barro e isso faz a diferença”, acredita.
Melhores condições e acessos na edição deste ano
O espaço de Fátima está entre duas tendas gigantes, a grande novidade deste ano, além dos acessos mais facilitados.
A cada ano são vendidos, em média, na tenda principal, cerca de 50 mil litros de vinho novo. E são esperadas, como habitual, nestes 10 dias de feira, milhares de pessoas.
“O São Martinho é uma feira tão antiga que se perde no tempo. Este ano estamos com um São Martinho renovado e reforçado, sem perder naturalmente a sua identidade e aquilo que faz dele o maior do mundo. Vamos ter novamente um centro comercial ao ar livre, com três centenas de feirantes e onde se pode encontrar de tudo ao longo destes dez dias”, começou por explicar o presidente da Câmara de Penafiel, aos jornalistas, na abertura oficial do certame.
Este ano, as tendas estão instaladas na futura Praça de São Martinho, já para que se possa perceber a obra em curso, também do edifício do Ponto C. “Reforçamos o espaço com duas tendas, para maior funcionalidade para todos. Este São Martinho vai decorrer melhor que as edições anteriores. O espaço é maior, as acessibilidades são melhores e vai funcionar num modelo mais prático”, sustentou Antonino de Sousa, afirmando que o São Martinho vai crescendo à medida que a própria cidade também se expande, o que está agora a acontecer para a zona do Cavalum. “As condições na Quinta de Puços eram até agora precárias e com acessos exíguos para os stands e visitantes. Com estas alterações e novos acessos ficam todos a ganhar”, frisa o edil.
Mais uma vez participam vários stands de alimentação e quatro adegas cooperativas. O evento arranca com 35 mil canecas e 15 mil tigelinhas para vender para as provas de vinho, um número que pode variar mediante a procura. “Normalmente não chegam e precisamos de adquirir mais. Este espaço vai atrair mais gente ainda”, acredita o vereador responsável pelas Feiras, Adolfo Amílcar.
“Acho que vai haver muita procura. O vinho deste ano, dizem os entendidos, tem qualidade e quantidade e as condições são boas”, sentenciou Antonino de Sousa.
O São Martinho arrancou hoje e prolonga-se até dia 20. Haverá gastronomia, provas de vinho novo, mostras de gado e artesanato, magustos, carrosséis e animação protagonizada por concertinas, tunas académicas e outros grupos folclóricos e de cantares. O ponto alto do programa é o dia 11 de Novembro, Dia de São Martinho e feriado municipal, que começará pelas 10h00 com a Eucaristia Solene em honra de S. Martinho, na Igreja Matriz, seguida pela Procissão com andor do Santo Padroeiro às 11h00.
Foto: Fernanda Pinto/Verdadeiro Olhar Foto: Fernanda Pinto/Verdadeiro Olhar Foto: Fernanda Pinto/Verdadeiro Olhar Foto: Fernanda Pinto/Verdadeiro Olhar Foto: Fernanda Pinto/Verdadeiro Olhar Foto: Fernanda Pinto/Verdadeiro Olhar Foto: Fernanda Pinto/Verdadeiro Olhar Foto: Fernanda Pinto/Verdadeiro Olhar Foto: Fernanda Pinto/Verdadeiro Olhar Foto: Fernanda Pinto/Verdadeiro Olhar Foto: Fernanda Pinto/Verdadeiro Olhar Foto: Fernanda Pinto/Verdadeiro Olhar Foto: Fernanda Pinto/Verdadeiro Olhar Foto: Fernanda Pinto/Verdadeiro Olhar Foto: Fernanda Pinto/Verdadeiro Olhar Foto: Fernanda Pinto/Verdadeiro Olhar Foto: Fernanda Pinto/Verdadeiro Olhar Foto: Fernanda Pinto/Verdadeiro Olhar Foto: Fernanda Pinto/Verdadeiro Olhar Foto: Fernanda Pinto/Verdadeiro Olhar Foto: Fernanda Pinto/Verdadeiro Olhar Foto: Verdadeiro Olhar Foto: Verdadeiro Olhar Foto: Verdadeiro Olhar