Lleyton Hewitt é um jogador de ténis que recordo muito bem dos tempos em que chegou a ser o número um do ranking ATP (Association of Tennis Professionals). Muito aguerrido, nunca dava uma bola por perdida. A certa altura notei que tinha posto o boné que usava com a pala para trás. Ainda pensei que quereria proteger o cachaço do sol, mas conservava-o sempre na mesma posição ao mudar de campo, e por isso cheguei à conclusão de que o fazia de propósito, tipo menino reguila.
Esta prática está agora muito generalizada e nem sei se esse jogador foi quem realmente a iniciou… O certo é que me trouxe à ideia uma clássica lenga-lenga do menino do contra que começa mais ou menos assim: o menino do contra/ queria tudo ao contrário/ deitava a roupa na cama/ e dormia no armário. A propósito, lembro-me de uma engraçada corruptela que é dar a este móvel o nome de “arrumário”; o miúdo que se saiu com esta também tinha a prática original de designar a primeira ligação por autoestrada, entre o Porto e Gaia, por “Ponte da Arrápida”; corruptelas serão, mas na verdade têm uma certa lógica pelo uso a que se destinam.
A minha ingenuidade indumentária continuou ao ver fraldas de camisa por fora das saias ou das calças: a princípio julguei tratar-se de descuido ou distração. E o mesmo para os óculos escuros colocados em cima da cabeça em vez de os ter nos olhos; isto no caso de se poderem considerar os óculos como indumentária, o que talvez não seja bem o caso.
Já há uns quantos anos, vi alguém que trazia umas blue-jeans com manchas brancas; pensei que era muito azar apanhar aquelas manchas, se calhar de lixívia, e ainda por cima nas duas pernas. Quando mais tarde voltei a ver calças com manchas brancas, comentei o caso e revelaram-me que também era de propósito e que se compram já manchadas. Realmente, não era muito fácil ter um azar que apanhasse logo as duas pernas das calças e mais ou menos por igual.
Finalmente, numa lógica coerente e que já quase não me surpreendeu, aí estão as blue-jeans com rasgões mais ou menos artísticos: ao que me dizem, podem ser mais caras do que as blue-jeans só azuis e intactas, se é que ainda há dessas raridades.
Com tudo isto, acho que já estou preparado para ver a nova moda indumentária que já deve estar por aí ao dobrar da esquina: sapatos rotos à frente que deixem ver as peúgas também rotas, naturalmente, ficando à vista dois ou três dedos de cada pé, eventualmente com piercings: se não num dedo, talvez numa unha mais comprida, que tal?