Nos últimos anos, fruto do aumento da esperança média de vida e da baixa taxa de natalidade, o número de idosos multiplicou-se, o que tem feito aumentar o número dos que são abandonados, uns na sua própria casa, outros nos hospitais.
Há quatro ou cinco anos, mais ao menos por esta altura do ano, a convite de um director do Hospital Padre Américo, visitei uma parte daquelas instalações que estava repleta de idosos. Dizia-me esse médico que todos tinham alta médica, mas estavam lá porque, nuns casos, a família não os ia buscar, noutros, porque a família se recusava a levá-los para casa. Confesso que aquilo me chocou bastante.
Segundo um estudo da Organização Internacional do Trabalho, Portugal é o país da Europa onde as pessoas idosas são mais abandonadas, onde existem menos profissionais de saúde dedicados aos idosos e onde se gasta, percentualmente, menos dinheiro com os idosos.
Vem isto a propósito da iniciativa louvável do Município de Penafiel em criar uma Comissão Municipal de Protecção ao Idoso, com o objectivo de dar uma resposta a situações em que existam idosos a viver sozinhos, desprotegidos e com necessidades especiais.
É certo que, quando somos jovens, a agitação da vida quotidiana nos leva a ignorar a velhice, como se fosse uma coisa distante e que só acontece aos outros. Só percebemos que a velhice nos afecta quando chegamos a velhos. Isto é ainda mais acentuado se somos pobres, doentes e não temos a família junto de nós.
Ao criar a Comissão Municipal de Protecção ao Idoso, a Câmara Municipal de Penafiel tenta colmatar uma omissão na sociedade actual e, acima de tudo, reconhece que os idosos são uma riqueza que não deve nem pode ser ignorada.
Idosos somos todos nós: uns porque já têm idade para serem tratados dessa forma, outros porque lá chegarão muito mais depressa do que imaginam. Se não tratarmos bem os idosos de agora, muito provavelmente seremos tratados da mesma maneira, quando chegar a nossa vez.