Júlia Leal, 77 anos, voltou a jogar à corda. Não conseguiu, como quando era criança, saltar, mas manteve-se firme agarrada a um dos lados da corda que, ritmadamente, passava por cima e por baixo da criança à sua frente. “Já há muitos anos que não fazia isto. Até pensei que já não conseguia”, disse entre risos.
Júlia foi um dos cerca de 30 idosos dos centros sociais e paroquiais de Arreigada, Frazão e Raimonda que, na semana passada, foram até três centros escolares de Paços de Ferreira mostrar a mais de 350 alunos as brincadeiras de antigamente. A iniciativa, chamada de “Jogos da minha infância”, foi realizada para celebrar o Dia Internacional do Idoso e permitiu que crianças a frequentar jardins-de-infância e o 1º ciclo do ensino básico ficassem a conhecer entretenimentos como o jogo do botão, lançamento do pião e a macaca. “Eu também gostava muito do Bom Barqueiro e de saltar à corda. Estou a achar esta tarde maravilhosa. É lindo para as crianças e para nós”, afirmou Júlia Leal. Aliás, a septuagenária garantiu ao VERDADEIRO OLHAR que gostava de repetir a experiência várias vezes. “Não me importava nada de vir brincar com as crianças todos os dias”, disse a idosa com seis filhos, 11 netos e dois bisnetos.
António Cardoso não jogava ao botão há 70 anos. Voltou a fazê-lo com as crianças
Inserido noutro grupo de crianças e a ensinar outro jogo, António Cardoso, 85 anos, era, igualmente, um homem feliz. “No meu tempo jogava, sobretudo, ao botão. Mas já não jogava há 70 anos. Voltei a fazê-lo hoje”, frisou. Com dez filhos, 20 netos e 15 bisnetos, este utente do Centro Social e Paroquial de Arreigada garante que a iniciativa da Câmara de Paços de Ferreira para celebrar o Dia do Idoso foi um sucesso. Quer junto dos próprios idosos, quer junto das crianças. “Vim cá só para dizer como se fazia antigamente, porque eu agora só jogo às cartas com alguns amigos. Quando era novo, jogava-se muito ao pião, mas que não o fazia muito bem. Era melhor no jogo do botão”, assegura.
Fonte da autarquia, explicou que a iniciativa pretendeu colocar idosos em contacto com as crianças, num convívio geracional que traz vantagens para novos e menos novos.
