A Ministra da Saúde, Marta Temido, esteve hoje na região do Tâmega e Sousa, tendo reunido com as várias instituições que têm estado sob “maior pressão” devido ao crescimento de casos positivos de Covid-19.
Em declarações aos jornalistas, a governante explicou que reuniu com a direcção do Agrupamento de Centros de Saúde do Vale do Sousa Norte – que abrange Felgueiras, Lousada e Paços de Ferreira, os primeiros concelhos a serem colocados sob medidas mais restritivas – e com a respectiva Unidade de Saúde Pública. Em análise esteve a capacidade de realização de inquéritos epidemiológicos e a forma de responder no terreno aos “atrasos” existentes. “Neste momento são realizados 300 inquéritos epidemiológicos por dia, mas há um conjunto acumulado com mais dias e estamos a analisar como fazer esse trabalho de recuperação em duas a três semanas”, referiu Marta Temido.
No Hospital Padre Américo, do Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa, que tem estado sobre os holofotes na última semana por não conseguir dar resposta ao número de doentes internados por Covid-19, que chegou a ser de 235, Marta Temido reuniu com a administração que, ontem, já dava conta da descida do número de internamentos e de novas medidas a adoptar. “Neste momento há algum alívio, devido a um conjunto de transferências” para outras instituições de saúde que têm colaborado “activamente”, garantiu. Hoje o número de internados por Covid-19 será de 169 doentes.
Questionada sobre os relatos de desespero dos últimos dias no CHTS, a Ministra da Saúde disse ter falado com vários profissionais de saúde. “Não podemos baixar a guarda. A resposta a esta pandemia tem exigido aos profissionais de saúde o melhor de si próprios e o maior dos esforços. Estão cansados mas continuam a trabalhar com ânimo. Cá fora precisamos de aliviar a pressão a montante. Se houver 10 milhões de infectado não há capacidade de resposta. Foi essa a maior preocupação que me transmitiram”, relatou Marta Temido.
Sobre o pedido de ajuda feito, esta semana, pelo presidente do conselho de administração do CHTS, pedindo mais profissionais, a governante sustentou que desde o início da pandemia vigora um regime excepcional de contratação que permite contratar todos os profissionais disponíveis no mercado. “Neste momento a situação com que nos deparamos é que o mercado não tem a disponibilidade que tem noutros momentos e há muitos profissionais que ficaram doentes”, afirmou. Além disso, um hospital “espelha” a região em que se integra. “O facto de esta região estar com muita incidência de casos levou a que muitos profissionais, mais de 200, também estejam infectados, e isso tem um peso significativo na capacidade de resposta”, disse ainda, referindo que foram assumidos compromissos de que não faltarão meios para resolver as necessidades assistenciais.
À falta de meios humanos, estão a ser procuradas outras soluções. “O mercado não tem gente disponível neste momento para ser contratada e estamos a utilizar outras fórmulas para resolver o problema”, designadamente acordos com parceiros que estão a receber doentes”.
Quando confrontada sobre se houve o planeamento necessário neste centro hospitalar para responder à pandemia e para não chegar à situação de ruptura relatada nos últimos dias, a ministra adiantou que, como foi referido na reunião com os autarcas, na Comunidade Intermunicipal do Tâmega e Sousa, só vai haver sucesso se houver trabalho conjunto. “Neste momento precisamos de fazer cumprir as orientações que existem no país e isso exige o apoio das forças de segurança e o envolvimento das autarquias. Naturalmente que houve planeamento, mas uma pandemia tem uma resposta difícil por maior planeamento que haja. Cada hospital fez o melhor para se preparar. O Hospital de Penafiel está numa área que geograficamente está no centro do furacão neste momento. É natural que tenha tido maior pressão”, alegou a governante.
Marta Temido salientou ainda que “nenhuma unidade do Serviço Nacional de Saúde está livre de sofrer uma pressão”.
A ministra foi acompanhada por Eduardo Pinheiro, Secretário de Estado com a responsabilidade de coordenação regional Norte das respostas à pandemia.
Hoje, Portugal registou mais 5550 infectados, o maior número desde o início da pandemia. Foram registados 52 óbitos, 25 deles no Norte.