O último relatório da Entidade Reguladora da Saúde (ERS) que dá conta dos números do Sistema de Gestão de Reclamações em 2017 coloca o Hospital Padre Américo, em Penafiel, entre os 10 com mais reclamações registadas, quando se fala de estabelecimentos do sector público com internamento. Ao todo foram 1.035 as queixas realizadas.
No total, diz o documento, foram registados 80.049 processos de reclamações, elogios e sugestões no ano passado, o que representa um crescimento de 15,2% em relação a 2016. Em quase 88% dos casos tratava-se de reclamações (70.120). As principais queixas prendem-se com “procedimentos administrativos” (20,3%), “sendo particularmente reclamada a qualidade da informação institucional disponibilizada”, com os “tempos de espera” (19,5%), “tempo de espera no local, desde o momento da chegada às instalações até ao atendimento, incluindo atrasos e demoras, para actos clínicos e para actos administrativos”, e a “focalização no utente” (17%), assuntos que se prendem com o grau de humanização dos serviços, incluindo práticas diárias, procedimentos internos, direitos dos utentes, publicidade e relações interpessoais.
Só na Região de Saúde do Norte foram registadas submetidas à ERS 20.301 reclamações relativas a prestadores de cuidados de saúde o que perfaz um rácio de 2,7 reclamações por cada mil habitantes.
Hospitais com mais queixas têm elevada carga assistencial
No sector público, quando se fala de estabelecimentos com internamento, os hospitais com mais reclamações são o Hospital Professor Doutor Fernando Fonseca (2.185 reclamações), a Unidade Hospitalar de Faro do Centro Hospitalar Universitário do Algarve (1.940) e o Hospital Garcia de Orta (1.710). Em oitavo lugar dessa lista, com 1.035 reclamações, está o Hospital Padre Américo, em Penafiel.
Os números, salienta o relatório, “referem-se ao volume bruto de reclamações submetidas à apreciação da ERS em 2017, sem qualquer ponderação ou rácio quanto à dimensão, produção ou população alvo de cada estabelecimento”.
Carlos Alberto, presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa, não esconde que não fica contente com esses números. “Uma queixa que tenha é sempre muito e não nos resignamos enquanto não melhorarmos”, afirma.
O responsável pelo Hospital Padre Américo salienta que os hospitais que constam deste top 10 têm todos elevada carga assistencial, servindo muita população. “Nós servimos 520 mil pessoas. Pelos rácios de 2,7 por 1000 habitantes deveríamos ter tido 1.400 queixas, mas ficamos 34% abaixo desse padrão”, sustenta. “O que está em causa são os tempos de espera, sobretudo em alguns meses. Mas não estamos contentes com essas 1.035 queixas”, garante Carlos Alberto.
Aplicação vai dizer aos acompanhantes o que se passa com o doente nas urgências
Num esforço de melhoria, o CHTS promete lançar em breve uma aplicação para telemóvel que vai permitir aos acompanhantes nas urgências ter um ponto de situação das pessoas que estão a acompanhar. Bastará dar o número de telemóvel à entrada e depois vão recebendo alertas do sistema, explica o presidente do conselho de administração do CHTS.
“Queremos dar aos acompanhantes informação mais regular sobre o estado do doente. Assim não é preciso ir constantemente às informações. Vão recebendo mensagens que dizem o resultado da triagem, se o doente está em exames ou se vai para cirurgia”, deu como exemplo.
O objectivo é haver menos ansiedade, naquela que é a segunda maior urgência do Norte do país. “Uma das maiores razões de queixa é essa, não saberem o porquê da demora”, acredita. A aplicação vai entrar em funcionamento em cerca de um mês.