Se foi surpreendente a reportagem que a TVI passou sobre a retirada da fiscalização à empresa que detém a concessão do estacionamento em Valongo e Ermesinde, porque assistimos a uma manipulação descarada de uma entrevista ao Presidente da Câmara de Valongo, para no final termos uma visão distorcida e parcial da realidade originando uma “Fake News”, pois aquilo que se depreende no final da reportagem é totalmente falso, mais surpreendente foi a reação do PSD na última reunião pública da Câmara a tomar partido da empresa privada devido a essa reportagem manipulada.
Como é que o partido que trouxe a concessão para Valongo, que iniciou um conflito judicial com a empresa, que recentemente votou ao lado do PS e por unanimidade a retirada da fiscalização à empresa e o resgate da concessão, depois de uma reportagem que só pretende defender os interesses da empresa e denegrir a Câmara e os seus executivos (o atual e os anteriores que foram do PSD) vem questionar o executivo PS e tomar o partido da empresa?
Ainda mais surpreendente é levantarem questões sobre a suspeita lançada na reportagem de alegada adulteração de multas, quando essa suposta adulteração iniciou em 2011, altura que a Câmara era governada pelo PSD. Quando se está a falar de aproximadamente 40 casos que não chegam a totalizar 1000€. Quando sabem, pois foi dito na reportagem, que de imediato se iniciaria um processo interno para averiguar a veracidade dos factos.
Assim neste artigo queria destacar o comportamento de duas entidades:
O Partido Social Democrata que a meu ver deveria ter mais cuidado nas suas tomadas de posição públicas para não entrar em contradição dando trunfos à empresa que, desde a altura em que o PSD governava o concelho, decidiu encetar o caminho do conflito com esta edilidade.
O PSD tem de decidir clara e inequivocamente de que lado está. Se do lado da Câmara e do interesse público, se do lado da empresa privada;
Sobra a entidade TVI/Ana Leal. Sempre entendi que jornalismo é quando um jornalista recolhe informação e transforma-a em notícia. Sempre entendi também que, quando o faz de forma factual, isenta e desapaixonada, dizemos que é jornalismo sério, ético que presta um serviço público. De igual modo sempre entendi que, quando apresenta a informação de forma parcial, adaptada e manipulada para servir um interesse, deixa de ser um serviço público, deixa de ser ético e sério, deixa de ser jornalismo.
A reportagem não foi um exercício de jornalismo mas claramente um julgamento.
Para além disso lançou suspeições e fez comparações incomparáveis só para que, no final, o Presidente da Câmara aparecesse com a imagem de irresponsável e pouco sério e o empresário como vítima preocupada com a defesa do erário e interesse público.
A reportagem, sem qualquer interesse de ser um exercício de jornalismo, manipula e transforma a verdade e assim no final, o que é verdade deixa de ser, e aquele que nos últimos anos tem criado e alimentado conflito com a Câmara para seu proveito, surge nesta reportagem como o lesado. No final do programa aquilo que resultou foi tão simplesmente uma “Fake News”.
Este resgate não agrada à empresa privada e a reportagem demonstra que esta tudo fará para o evitar, usando para o efeito todos os meios, sérios e não sérios. Mas a decisão política está tomada e o resgate defende os interesses dos Valonguenses e está protegido pelo contrato de concessão e pela lei e por isso ficará consumado no final de Agosto deste ano.
Alerto mais uma vez que, enquanto o resgate não se efetivar, os parquímetros tem de ser pagos. Esse dinheiro irá para a empresa privada até se concluir o resgate, mas a fiscalização é desde janeiro deste ano feita pelos funcionários da Câmara Municipal de Valongo (devidamente equiparados a agentes da autoridade) e não pelos funcionários da empresa, porque estes não o podem fazer por não terem competência legal para exercer a fiscalização e por isso todos os atos por eles praticados, nomeadamente a emissão de avisos de pagamento, não são válidos. Só os fiscais da Autarquia o podem fazer.
A empresa continua com os seus funcionários nas ruas a aparentar exercer uma função que já não podem fazer numa atitude de má-fé e de retaliação.
Curiosamente, grande parte das respostas do Presidente da Câmara não foram apresentadas porque eram suficientemente esclarecedoras e denunciavam o comportamento da enpresa, mas essa não era a intenção da reportagem.
Curiosamente também e mais uma vez, este programa pega num autarca do PS e prepara uma reportagem com o intuito de no final da mesma o autarca aparecer como o malfeitor.