“Foi uma experiência única, inexplicável. Andei uns dias com a imagem daquelas crianças na cabeça”. Foi assim que Ricardo Fonseca descreveu a visita que fez esta semana, ao IPO do Porto, vestido de homem aranha, numa iniciativa que juntou também a Polícia Municipal (PM), o Regimento Sapadores Bombeiros e Departamento Municipal da Proteção Civil da cidade invicta.
Ricardo Fonseca, atleta de elite de Kempo, natural de Lousada, contou ao Verdadeiro Olhar que a ideia desta visita partiu do pai, Manuel Fonseca, da Polícia Municipal do Porto. “Era uma forma de animar o dia daquelas crianças e jovens, e também dos pais, que passam muitas horas no serviço de pediatria daquela unidade oncológica e que sofrem com a doença e com os tratamentos”.
Assim, foram realizadas um conjunto de iniciativas pedagógicas, que decorreram no espaço exterior do instituto, destacando-se uma exibição cinotécnica da PM, com cães, sessões de entretenimento, que incluíram números de magia e, claro, a ‘descida’ do homem aranha, personificado por Ricardo Fonseca.
Quando entraram na unidade, “íamos todos algo receosos, porque desconhecíamos a reacção das crianças”. Mas esse temor caiu logo por terra, contou ao Verdadeiro Olhar o atleta de Kempo que não pode deixar de recordar “o sorriso, o olhar das crianças e a vontade que tiveram em interagir com todos” e, no seu caso, o desejo de lhe “tocar e falar”. Foi uma sensação “inexplicável”, considerou, acrescentando que “foi o dia mais feliz” da sua vida.
“Tenho sobrinhos, vou ser pai e é evidente que estas situações nos tocam o coração. É terrível ver ali crianças tão pequenas, com três anos, e a sofrerem tanto, mas que acabam por ser uma fonte de inspiração, porque não perdem o sorriso e a boa disposição”, sublinhou o atleta.
É claro que, numa primeira abordagem, as crianças se mostram surpreendidas e algo tímidas, mas, a pouco e pouco, foram interagindo com os agentes da polícia, os bombeiros, com os cães e com o super-herói que, até então, apenas conheciam das revistas de quadradinhos ou do cinema.
A iniciativa era dirigida às crianças do Hospital de Dia, do IPO, mas esteve aberta a todos os doentes que estavam naquela unidade e que também aproveitaram a ocasião para assistirem “aos saltos e acrobacias” dos cães-polícia. É evidente que estas acções são de evidenciar, porque “além de mostrarem aquilo que de melhor fazem a polícia e os bombeiros, também possibilitam a essas instituições e aos próprios doentes esquecerem um pouco os problemas de saúde e os tratamentos”.
Ricardo Fonseca revelou ainda que esta iniciativa será para repetir noutras instituições que lidam com crianças e jovens. “São acções inspiradoras, não só para nós e para quem está doente, mas também para toda a sociedade que, na maioria dos casos, não imagina o que se passa dentro de uma unidade daquelas”.
Certo é que, Ricardo Fonseca nunca mais vai esquecer “os gritos de felicidade daquelas crianças”, assim como “o olhar de tristeza, pela sua condição, e de felicidade por aqueles momentos que foi possível proporcionar”. Por isso, promete voltar a vestir o fato de homem aranha, entrar numa outra unidade e lançar as suas teias para espalhar muita alegria e amor por todos aqueles que se encontram numa situação mais debilitada.