Esta palavra inglesa significa “embuste” ou “intrujice” e é um termo utilizado na Internet para definir as mensagens e imagens que contêm informações falsas, inventadas, forjadas ou distorcidas acerca de pessoas, factos ou acontecimentos reais, de ordem individual, local ou mundial.
Vem isto a propósito de suposta notícia que tem sido partilhada em massa nos últimos dias com o título “As 9 piores cidades/municípios para viver em Portugal”. Nesta lista constam cidades como Amarante, Marco de Canaveses, Paredes ou Vizela. Cliquei na suposta notícia e, para além de uma fotografia de cada umas das cidades referidas, há apenas um parágrafo sobre o assunto que diz: “A lista foi elaborada com base nas estatísticas do INE e tem como fundamento diversos factores que, regra geral, são considerados como indicadores de qualidade de vida. Entre eles está o acesso à educação, saúde, cultura, emprego e espaços verdes”. Sobre o tal estudo, nem uma palavra.
Para que isto fosse uma notícia, seria indispensável que fosse publicada por um órgão de comunicação social e assinada por um jornalista. Ora, o site que divulga este falso artigo só publica textos virais e sensacionalistas, não tem qualquer contacto telefónico ou físico e vive apenas da publicidade que alicia com essas pseudonotícias virais.
Também não é verdade que o INE tenha alguma vez publicado um estudo sobre as melhores ou piores cidades para se viver em Portugal. O autor do site encontrou na Internet um trabalho académico de uns alunos da Universidade da Beira Interior, com mais de 15 anos, e decidiu publicar como se fosse actual e dele se pudessem extrair as tais conclusões.
Posto isto, importa perceber com que propósito são criadas estas notícias falsas e qual a sua origem. Uma boa parte é inventada por pessoas que se querem divertir, outra por pessoas que querem atrair visualizações aos seus sites e com isso conseguir publicidade paga e outra por quem pretende fazer manobra política de massas. A sua acção é ajudada pela grande propensão dos utilizadores médios das redes sociais de lerem apenas os títulos e partilharem o conteúdo sem o lerem. No que se refere a esta falsa notícia, consegui vê-la partilhada por pessoas que supostamente têm boa formação e algumas até ligadas à área do jornalismo. Certamente não terão partilhado por distracção.
É verdade que nunca dispusemos de tantos meios de comunicação. Qualquer um pode partilhar uma notícia no Facebook, Twitter, WhatsApp ou Instagram. No entanto, temos uma sociedade que não distingue o real do ficcionado e tende a acreditar em qualquer coisa que tenha a estrutura de uma notícia tradicional.
A falsa notícia sobre as piores cidades para se viver espalhou-se com rapidez. Acredito que uma grande parte das partilhas foi utilizada como manobra política, com o objectivo de levar uma parcela considerável do público a formar opiniões equivocadas ou distorcidas sobre os municípios em causa.
Quem ganha com isto? A maldade, a ignorância e, certamente, algumas pessoas interessadas em política e poder.
Quem perde? Todas as pessoas que prezam a verdade.