A minha palavra tem de ir obrigatoriamente para o Verdadeiro Olhar por me permitir usar o seu espaço de comunicação para dar a conhecer aos seus leitores a minha visão sobre a realidade, sendo certo que grande parte dos caracteres serão usados para me debruçar sobre a realidade local (sempre que entender relevante, usarei este veículo para partilhar as minhas ideias e pensamentos sobre assuntos que considere prementes ainda que de um âmbito mais alargado).
Este primeiro artigo chega num momento importante para a vida do concelho de Paços de Ferreira: a votação do documento com as Grandes Opções do Plano e Orçamento para o ano de 2018.
A sua leitura e análise permitiram-me decifrar algumas ideias que considero relevantes:
- A visão de curto prazo do Partido Socialista mantém-se, revelando neste aspecto uma coerência irrepreensível. A aposta numa política assente em medidas populistas, que no curto prazo representam algum bem-estar para a população é uma marca (de cima a baixo) do Partido Socialista, que invariavelmente leva a mais impostos e menor rendimento disponível se alargarmos o período de análise. Foi assim no passado e está a ser assim no presente no nosso concelho.
- Como tal, a maioria socialista que governa a Câmara Municipal tomou a decisão de mexer nos impostos cobrados aos munícipes, subindo a taxa de IMI mesmo quando em plena campanha eleitoral o candidato Dr. Humberto Brito assumiu aos microfones da Rádio Clube de Paços de Ferreira que não haveria aumento de impostos. Só por isto, este Orçamento merece o nosso total repudio e um convicto voto contra!
- É clara a intenção do PS socialista em chamar para a esfera municipal o sistema de gestão de resíduos, pois prevê em sede dos mapas previsionais, o investimento para o efeito. Aguardo com espectativa esta medida até porque, um estudo a que tive acesso, conclui que na região, o custo por tonelada nos concelhos que têm os serviços municipalizados é superior ao dos concelhos que concessionaram o serviço (independentemente da empresa a que concessionariam).
- Nada é dito quanto à questão do sistema de água e saneamento, não sendo possível avaliar qual o caminho que será seguido. Esta omissão leva-me a suspeitar que nem mesmo quem se encontra a gerir este dossier na Câmara Municipal saberá muito bem qual o passo seguinte a dar, aliás, como vai sendo referido nos sucessivos pareceres negativos da ERSAR ao processo de reequilíbrio financeiro proposto.
- Continuará a ser feita uma aposta na regeneração urbana que, contamos, evolua no que à eficiência dos trabalhos diz respeito, uma vez que o histórico das intervenções nas cidades de Paços de Ferreira e de Freamunde têm-se revelado demoradas e penalizadoras para habitantes e comerciantes das ruas intervencionadas.
O PSD, no âmbito do seu papel de líder da oposição, fez o que lhe competia: apresentou uma bateria de propostas nas diversas áreas de intervenção da Câmara Municipal. Para estas propostas tivemos em consideração não apenas a importância que teriam para a qualidade de vida da nossa população como também para o desenvolvimento do nosso concelho no que à atratividade diz respeito. Este é um factor importante para um território com as nossas características, “entrincheirado” entre uma metrópole como o Porto e o interior do país e que jamais deverá ser esquecido.
A reacção por parte da maioria PS surgiu da pior forma: via redes sociais, injectaram “nitro” na estimativa orçamental das nossas propostas (de 600.000€ passaram-na para 1.000.000€) e, como se não bastasse, com o claro intuito de intoxicar a opinião pública, tentaram responsabilizar-nos pela subida do IMI cuja votação, quer em sede de Executivo Municipal quer na Assembleia Municipal, o PSD votou contra.
Este comportamento é um sinal claro de que o PS perdeu a capacidade de justificar com o passado a sua inação e inabilidade na “arte” de gerir a Autarquia. A permanente procura de “fantasmas” pode ir disfarçando o tortuoso caminho que tem sido seguido pela maioria socialista, mas, mais tarde ou mais cedo, a clarificação será feita. Espero só, a bem de todos, que esta clarificação não seja feita à custa de um (sempre penoso) embate contra uma parede!