O ministro do Ambiente reconheceu, hoje, que “existe um problema ambiental” com a ETAR de Arreigada, em Paços de Ferreira, que o Governo tem que resolver, assim como “trabalhar para encontrar financiamento”, avança a edição on-line do DN.
As declarações de Duarte Ribeiro foram feitas na Comissão de Ambiente e Energia, no Parlamento, depois de o deputado penafidelense na Assembleia da República, António Cunha, ter questionado o governante sobre “qual a solução” para a ETAR de Arreigada”, considerando-a um “problema de saúde pública”, com “elevados riscos para as populações”.
Aliás, em comunicado enviado ao Verdadeiro Olhar, o PSD refere que não pode “pactuar com decisões precipitadas e extemporâneas por parte do Governo de António Costa, que podem colocar as populações de Paços de Ferreira, Paredes e de Valongo em risco ambiental, saúde pública, e por inerência com prejuízos financeiros para a toda esta região”. Razão pela qual o deputado questionou, hoje, o ministro do Ambiente.
António Cunha acusou ainda o Governo, a autarquia e a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) de terem “sistematicamente falhado às populações de Paços de Ferreira, de Lordelo e de Valongo”.
“Estamos a falar de risco ambiental, risco para a saúde pública e de elevados prejuízos financeiros para a toda esta região, nomeadamente a desvalorização de áreas de construção, bem como do já edificado”, referiu o deputado que quer saber se o Governo “vai exigir responsabilidades a quem usou 5,1 milhões de euros do erário público na ETAR para efectuar uma obra que só prejudicou as populações”, disse, ainda, na comissão.
“Agora fala-se num investimento de mais 15 milhões, mas o facto de a APA remeter esse investimento para o programa de ajudas comunitárias PT2030 é vago e não há um compromisso efectivo para encontrar e executar uma solução”, argumentou o deputado de Penafiel que reivindica que o Governo encontre os “responsáveis”, ao mesmo tempo que apela à “clareza e compromisso” do ministro sobre esta matéria.
Já em comunicado, Sérgio Humberto, presidente da distrital do PSD, do Porto, e também autarca da Trofa, reitera que, “pela primeira vez, e de uma forma institucional, a Agência Portuguesa de Ambiente (APA) reconhece que a Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) da Arreigada”, edificada junto a um afluente do Rio Douro, o Rio Ferreira, “não cumpre as normas de descarga estabelecidos na legislação em vigor”.
Também Alexandre Costa, presidente da concelhia do PSD de Paços de Ferreira, alinha pela mesma bitola, mas vai mais longe e atira contra o presidente da autarquia local, Humberto Brito, e para Paulo Ferreira, vice-presidente da edilidade, acusando-o de ser “outro grande responsável por esta calamidade ambiental”. “Foi ele que abraçou este projecto e garantiu, desde 2021, que o funcionamento da ETAR estava a funcionar a 100% e que a água era completamente potável e que poderia ser ingerida”, sublinha o social-democrata.
Os “problemas ambientais provocados pelas descargas nauseabundas, para o Rio Ferreira, provocadas pelo mau funcionamento da ETAR”, fazem com que aquele equipamento constitua um problema de “saúde pública”, refere também Ricardo Sousa, o presidente do PSD de Paredes, dando ênfase aos “maus cheiros constantes nas zonas habitacionais que ladeiam as margens do Rio Ferreira, em Lordelo e Rebordosa”. Aliás, relata o também vereador laranja, que “há casos de habitantes daquela zona a recorrerem constantemente aos hospitais, ou a outros serviços de saúde, devido a infecções, causadas pelas investidas dos insectos provenientes da poluição do Rio Ferreira”. E quem tenta vender as suas casas localizadas naquelas zonas, não consegue, porque “ninguém quer conviver de perto com esta situação”.
A terminar, os social-democratas, pela voz de Sérgio Humberto, lamentam que “o Governo de António Costa não exija responsabilidades a quem usou cinco milhões de euros do erário publico, para efectuar uma obra que só prejudicou as populações”, preparando-se para investir “mais 15 milhões com a conivência” dos autarcas socialistas.
Entretanto, o Verdadeiro Olhar questionou a autarquia de Paços de Ferreira sobre esta matéria, que lamentou que “o presidente da Câmara Municipal da Trofa “insinue, insulte e ofenda, de forma gratuita e politicamente desonesta, um colega seu, falando sobre algo que não conhece, nem técnica nem juridicamente”.
Entretanto, Humberto Brito, e “para bem da verdade”, convida o também presidente da distrital do PSD Porto, Sérgio Humberto, a “visitar as obras realizada na ETAR, a fim de verificar onde foram investidos os cinco milhões de euros”.
Por fim, o presidente da Câmara Municipal de Paços de Ferreira relembra o seu homólogo da Trofa que o investimento e o projecto foram votados favoravelmente pelo PSD de Paços de Ferreira.