Coincidência ou não, o pódio do concurso que elegeu os melhores capões vivos deste ano, na Feira de Santa Luzia, em Freamunde, Paços de Ferreira, ficou composto por criadores de Lousada. José Luís Pinto, que cria estes animais há mais de 20 anos, foi o grande vencedor desta edição. Alfredo Teixeira ficou em segundo e Maria Augusta Coelho em terceiro.
A concurso estiveram 11 criadores, certificados, que levaram para vender na feira cerca de 270 capões. Mas nas ruas em torno da tenda principal onde decorre o concurso havia também quem vendesse as aves.
Ao final da manhã já estavam vendidas dezenas de capões e há quem venha de longe, de propósito, para comprar.
“Fui o produtor que trouxe mais capões e já vendi quase 20”
Desde que participa, José Luís Pinto já ganhou o prémio de melhor capão vivo umas “sete a oito vezes”, diz sem certezas. O comerciante cria, anualmente, mais de 100 capões. Dá-lhes uma boa alimentação, boas condições na capoeira e liberdade. É esse o segredo, acredita. Qualquer um dos 30 capões que trouxe hoje para a feira podia ser candidato ao prémio. Escolheu o que achou que tinha maior qualidade, e acertou. “Fui o produtor que trouxe mais capões e já vendi quase 20”, conta com orgulho. Há três anos que José Luís Pinto é criador certificado e não se arrepende. “É importante e uma garantia de qualidade”, assegura.
Segundo o presidente da Associação de Criadores de Capão de Freamunde, neste concurso são avaliados o peso, a beleza e a castração. Este ano foram 11 os criadores que quiseram ir a concurso. “Gostam de participar e levam isto muito a sério”, diz Ricardo Graça. Dentro da tenda onde decorreu o concurso só entram criadores certificados. “É uma mais-valia e as pessoas começam a aperceber-se. O número de sócios tem crescido porque os restaurantes só compram se o capão for certificado”, refere.
O presidente da Junta de Freguesia de Freamunde destaca o movimento que esta feira e o capão trazem a Freamunde e ao concelho. “São milhares de capões, vivos e confeccionados, transaccionados e a grande maioria já com certificação. Temos que defender o capão de Freamunde”, salienta José Luís Monteiro. No próximo ano, adianta o autarca, a Feira de Santa Luzia completa 300 anos e a junta quer assinalar a data.
“É uma carne diferente, mais macia, é muito bom”
Há quem já tenha a tradição de vir todos os anos a esta feira comprar o capão e quem venha a primeira vez pela curiosidade.
Carlos Alves e Dora Alice Alves, de Sabrosa, Vila Real, são repetentes. “Todos os anos venho cá comprar capões para comer no Natal e levo para os amigos”, explica Carlos Alves. Este ano leva cinco do criador que venceu o concurso, com o qual já costuma fazer negócio. “É a minha mulher que o cozinha e não tem nada a ver com o frango e o peru. É uma carne diferente, mais macia, é muito bom”, garante.
Já Maria Rosa e Silvino Silva, do concelho vizinho de Paredes, foram visitar Freamunde pela primeira vez, por curiosidade. “É a primeira vez que vimos comprar capão e nunca provamos. Vamos levar um para oferecer de prenda de aniversário”, explicam. “Ouvimos falar que isto é muito bom, mas só provando é que vamos ver”, afirma o casal.