O que aconteceu em Portugal nos últimos anos com a Geringonça a governar é em todos os âmbitos extraordinário. O que se está a passar, deve num futuro próximo merecer capas de jornais com títulos sensacionalistas de recessões e com recomendações, prudências e análises económicas de um país que torna a realidade muito mais interessante que uma qualquer ficção.
Temos duas grandes análises objetivas e claras a fazer: uma, que todos discutem convictamente, mas com poucos factos, que diz respeito à performance económica do nosso país. Outra, menos discutida é a alteração significativa nas avaliações que o PCP, BE e alguma imprensa nacional fazem de alguns contextos que em outro governo e outro primeiro ministro imprimiriam um caos organizado nas criticas, manifestações e claro está, no escrutínio das políticas assumidas pelo governo.
Se olharmos objetivamente para o crescimento económico, facilmente nos apercebemos que o País cresce menos que todos os países da zona euro, com exceção feita à Grécia que continua a tentar libertar-se do caos onde se mantem instalada. Temos hoje uma das maiores taxas contributivas da zona euro com números absolutos de impostos cobrados serem superiores aos tempos em que a troika se encontrava estacionada no nosso país. As cativações de de milhões, em serviços essenciais ao funcionamento de um país a olhar para o futuro: na Saúde, na educação e mais recentemente no dramático retrocesso na ferrovia do país. Somado a isto, a dívida publica continua a aumentar dia após dia e sem que noticias como as dividas de milhões às farmacêuticas ou aos fornecedores do estado assustem políticos ou gestores a fazerem o seu trabalho de gerir melhor a coisa publica.
Mas, a verdade é que alavancagem da economia baseada no turismo, nas empresas tecnológicas e numa economia europeia em franco crescimento amordaçam um povo iludido num crescimento sustentável e estável para o seu futuro.
Mas, é na reação e no julgamento político a acontecimentos dramáticos que ocorreram no nosso país que identificamos como as coisas estão realmente diferentes neste campo.
Nestes anos de geringonça, conseguimos identificar uma mão cheia de acontecimentos que em outros tempos e com outro primeiro ministro teria merecidos títulos na imprensa nacional e com os dois partidos que sustem o governo, BE e PCP, a exigir a demissão de um qualquer ministro alegando a falta de condições políticas para exercer a sua função.
Basta falarmos sobre factos.
O verão de 2017 ficou marcado pela morte de mais de 100 pessoas nos incêndios que tornaram Portugal noticia em todos os cantos do mundo. Da violência dos incêndios, passando pela fraca organização da proteção civil com comandos nomeados há poucos meses, com CV duvidosos e de caracter político passando por uma ministra que sentia mais falta das suas férias do que mostrar seriedade no combate ao inferno que consumia um povo tudo acontecia neste país. O Estado faliu na sua mais elementar função: proteção dos seus cidadãos.
Entretanto, surge o assalto ao paiol de Tancos. Um caso gritante de incompetência, de desorganização e de quebra de confiança numa das instituições elementares de ordem e respeito do nosso país. Hoje temos a desconfiança se um ministro era conhecedor de um plano onde o cenário de horror era Tancos, mas o titulo era o desrespeito que se planeava nas barbas da justiça.
Temos também o caso do Infarmed onde a trapalhada e a incompetência de um governo humilharam o norte do país com comunicados de decisões a serem feitas por correio registado ao invés de reuniões sérias e honestas com a gente do Norte para iniciarmos processos objetivos e claros de descentralização de competências do estado central.
Para terminar, e depois de casos como a mentira dos aumentos aos professores, a lei anti concorrencial da UBER ou até à já famosa ala de pediatria no hospital São João prometida todos os meses, mas todos os meses esquecida nas transferências do estado central António Costa tira o verdadeiro coelho da cartola: a nomeação de uma nova procuradora da republica para o lugar daquela que enfrentou os poderes instalados em todos os quadrantes da sociedade portuguesa. Aqui, é talvez o caso mais gritante da falta de vergonha e de sentido de estado de um governo. Retirar aquela que foi uma das melhores PGR’s da republica, aquela que disse não aos poderes instalados, que mandou prender Sócrates, Salgados, Varas e todos os outros que tão mal fizerem ao nosso país foi substituída porque certamente, não era competente ou então, não tinha tempo para desempenhar o cargo que tão bem executou nos anos em que assumiu este enorme desafio.
Mas, no final do dia, tudo isto só é possível porque todos aqueles que antes contribuíam para a desgraça, o descrédito e ao julgamento hoje estão confortáveis no deslumbrar do poder e com a convicção que eles estão melhores.
Para terminar, neste momento não discutimos se queremos um país mais desenvolvido, igualitário e socialmente mais estável, mas sim recearmos que num futuro próximo a palavra troika deixe de estar confortavelmente fechada no dicionário e volte ao dia a dia dos portugueses e se torne a novamente a palavra mais pesquisada e falada por todos nós.
Hoje é um cenário de tragédia em que poucos acreditam, mas antes da troika também não acreditávamos ser possível tamanho ajustamento. Fica a reflexão.
Para terminar, gostava de comunicar ao meu amigo leitor que desde a ultima assembleia municipal, por decisão da comissão política do PSD em Paredes deixei de ser o vice-líder da bancada do PSD na assembleia municipal. Enquanto vice-líder assumi com total dedicação e lealdade as minhas funções sempre com o objetivo de fazer o melhor pelo PSD e por Paredes. É isto que me leva a estar na vida política.
Ao Manuel Gomes, o novo vice-líder da bancada, tenho a certeza que desempenhará as funções com a qualidade e a coerência que todos lhe reconhecemos. O futuro faz-se por aqui.