Não obstante o cenário extraordinariamente difícil que todos vivemos e os constrangimentos daí inerentes, o esforço, dedicação, organização e coragem de todos os envolvidos neste processo eleitoral, permitiu que esta eleição maior da nossa democracia, ocorresse em condições de segurança e com a normalidade possível, num contributo decisivo para que os prognósticos catastrofistas quanto à abstenção, não se verificassem.
O grande vencedor da noite eleitoral, Marcelo Rebelo de Sousa, foi confortavelmente reeleito, dando cumprimento prático àquilo que era avançado em todas as sondagens e saindo claramente reforçado para o novo mandato que agora irá iniciar.
Ana Gomes, da qual fui um orgulhoso apoiante, demonstrou de forma inequívoca, ao longo desta campanha e no resultado obtido, a importância da sua candidatura, representando o seu segundo lugar, mais do que um simples posicionamento eleitoral, uma mensagem de muitos portugueses em favor de um estado democrático, defensor da escola pública, do serviço nacional de saúde e de todas as conquistas sociais.
Pela negativa, temos obviamente de destacar o resultado obtido por André Ventura, que mesmo tendo sido “barrado” pela candidatura de Ana Gomes, no seu objetivo de atingir o segundo lugar, não deixa de ter um resultado que deve sobressaltar todos os democratas e fazer-nos perceber, de uma vez por todas, que mais do que estigmatizar estes cerca de 500 000 portugueses, precisamos sim de conseguir dialogar com eles, dando resposta aos seus anseios e recuperando-os para o espaço democrático.
Por outro lado, na nossa região, salta à vista a candidatura de Vitorino Silva, que no seu registo habitual, continua a demonstrar que é possível ao mais humilde cidadão do nosso povo, almejar concorrer ao mais alto cargo da nação, num exercício que enobrece a nossa democracia e que, especialmente no Distrito do Porto, ajudou a conter a expressão da candidatura de André Ventura: “Tino de Rans”, continua a merecer a confiança e simpatia de avultados milhares de portugueses.
Com o descer de cortinas da noite eleitoral, entramos já a passos largos na antecâmara da corrida autárquica, que ocorrerá em condições sem precedentes e que obrigam todas as candidaturas a serem criativas e inovadoras na forma como irão tentar transmitir as respetivas mensagens aos eleitores.
Em Penafiel, compete-nos o desafio de construir uma alternativa à Coligação de Direita que governa o nosso concelho há 20 anos e que, em tão alargado período de governação, não foi capaz de dar respostas às carências habitacionais do nosso concelho, resolver os problemas crónicos de mobilidade ou fomentar a criação de emprego qualificado, que permita fixar a população mais jovem em Penafiel.
O trabalho desenvolvido ao longo dos últimos 3 anos, quer na potenciação de novos quadros, quer na apresentação de propostas alternativas, quer no vínculo de confiança construído com os penafidelenses – traduzido em vitórias nas legislativas e europeias – dão-nos a convicção de que saberemos estar à altura desse desafio e dizer presente ao desejo de mudança dos penafidelenses.