Este sábado, o Jardim do Calvário, em Penafiel, foi o palco escolhido para a quarta edição do Festival do Melão Casca de Carvalho que reuniu vários produtores deste fruto há mais de 30 anos e que são da região do Vale do Sousa.
O evento, organizado pela Confraria do Melão Casca de Carvalho e pela Câmara Municipal de Penafiel, teve como objectivo promover produtos feitos a partir deste tipo de fruto e tentar arranjar parceiros comerciais, assim como vendê-lo ao público em geral. Reuniu vários produtores de melão e também de vinho, assim como artesanato, acompanhado com música.
Nesta edição, José Rocha, grão-mestre da confraria, conta que estão a “tentar melhorar os produtos para ver se vão ao encontro do gosto das pessoas e doutros parceiros que se possam interessar”. Entre estes produtos, frutos de uma parceira com a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), estão o gelado de melão casca de carvalho (concebido e produzido pelo Alvorada Cakes), o melão com vinho do Porto e uns snacks desta fruta.
“As pessoas gostam. São produtos diferentes. O melão casca de carvalho, que só existe no noroeste do país, tem um paladar diferente dos outros frutos. Não é doce, é um produto apimentado”, descreve. “Há 50 anos, no meio rural, toda a gente conhecia e apreciava este fruto, entretanto, foi desaparecendo da circulação e, desde que existimos, estamos a tentar pô-lo outra vez na mesa das pessoas e está a ter uma boa adesão”, acrescenta José Rocha.
Para José Rocha, “o meio rural precisa de produtos bandeira que tragam as pessoas a essa zona, que criem alguma dinâmica económica, que permita que as pessoas se fixem”, sendo esta uma das principais missões da confraria, criada há 12 anos, no âmbito da Agrival.
No dia 29 de Agosto, a Agrival, em Penafiel, vai acolher o Concurso do Melão Casca de Carvalho que vai reunir mais de uma dezena de produtores do Vale do Sousa. Nessa altura, José Rocha diz que os melões já vão ter melhor qualidade. “Este ano, está a ser um verão atípico porque tem estado frio e os melões estão a desenvolver-se muito lentamente, com pouco açúcar. Felizmente, nos últimos dias, o tempo esta a começar a aquecer e os melões estão a começar a ter alguma qualidade”, explica.
José Magalhães, de Lousada, produz este fruto há 30 anos e diz que só esta semana tirou mais de 400 melões para dar aos animais ou porque racharam com a chuva, ou porque apodreceram em contacto com a terra. “Perdi muito melão. Agora, se de facto vier bom tempo, começam a sair melhores”, acredita.
Apesar disso e de muita gente estar de férias, diz que o negócio que fez nesta edição do festival “não está mau” e conta que vieram comprar pessoas do Porto e de Ovar.
Começou muito cedo nesta área, através dos pais e o gosto chegou aos 16 anos, quando começou também a aperfeiçoar a variedade e as técnicas de produção. Diz que funciona como um part-time porque é uma cultura sazonal, por isso, no resto do tempo dedica-se à agricultura e criação de gado bovino
Já não é a primeira vez que participa neste festival nem no concurso da Agrival, tendo inclusive ganho vários prémios, e este ano vai também lá estar presente.
Joaquim Correia produz este fruto há cerca de 30 anos, negócio que herdou dos pais e que passou à mulher, Isabel Correia. Também vão participar neste concurso, em que já conquistaram várias distinções.
“O melão está doce e picante e até se vendeu bem hoje. Ao fim do dia apareceu mais gente”, conta Isabel Correia, que vem de Paredes. Ela e o marido têm agora uma “área muito grande de melões e meloas” e diz que têm “vendido sempre muito bem”. “Eu não era dessa área, mas passei a ser”, refere, acrescentando que “isto é um part-time, mas mais pesado do que o próprio emprego; o tempo todo que se tem fora do horário de trabalho é para aqui”.
Explica que o bom melão vê-se através do toque com a unha na casca: Se estiver oco, está mais fraco; ou então, mergulhando em água e o que afundar é o de melhor qualidade.
Em relação à medição da qualidade do fruto, José Rocha explica que “só cerca de 30% dos melões é que são bons” e que já há uma pessoa que fez uma tese de mestrado para tentar conhecer melhor o alimento, seleccionar e saber como surge o sabor picante “para que sejam cada vez com melhor qualidade”.