Novembro era a data apontada para terminar a construção da obra de remodelação e ampliação da ETAR de Arreigada, em Paços de Ferreira, e pôr fim às descargas poluentes, apenas com tratamento primário de resíduos, que afectaram o Rio Ferreira e sobretudo a população de Lordelo, em Paredes. O prazo foi cumprido, diz a Câmara de Paços de Ferreira. De lá para cá, estão a ser instalados os equipamentos e vai avançar uma fase de testes, com a nova ETAR a estar em pleno funcionamento “em três a quatro meses”, adianta o vereador do Ambiente, Paulo Ferreira.
Mas o presidente da Junta de Lordelo visitou a obra e diz-se “escandalizado”. “Está tudo parado à espera de uma ligação da EDP. A ETAR já devia estar a funcionar”, defende Nuno Serra. Por isso, enviou uma comunicação ao Ministro do Ambiente lembrando-o “do crime ambiental a que o Rio Ferreira tem sido sujeito ao longo de mais de 20 anos”. “A fauna e a flora que existiam neste rio (outrora um dos maiores rios truteiros da Europa) foram completamente dizimadas. A população de Lordelo tem sofrido na pele todos estes atentados que se tornaram também um problema de saúde pública, claramente identificado, quer pelo cheiro nauseabundo que paira na freguesia, quer pelos insectos que propagam doenças com a quantidade significativa de infecções que tem levado centenas de pessoas a tratamento hospitalar”, sustentou o autarca na missiva enviada.
“Graças também à intervenção de vossa excelência está concluída a requalificação da ETAR de Arreigada, de Paços de Ferreira (a causa de todos estes problemas) mas, incompreensivelmente, ainda não está a funcionar por falta de vistoria da Direcção-Geral da Energia e Geologia e consequente ligação do PT à EDP, algo pendente há mais de três meses”, continuou, apelando à intervenção do ministro.
Segundo o vereador do Ambiente da autarquia pacense, os prazos da obra, orçada em 5,1 milhões de euros e apoiada por fundos comunitários, estão a ser cumpridos, sem atrasos. A obra física ficou concluída no final de Novembro e estão já instalados quase todos os equipamentos, faltando agora uma inspecção e um parecer da Direcção-Geral de Energia, que deve acontecer nos próximos dias.
A seguir, descreve Paulo Ferreira, serão realizados os diversos testes e a ETAR entrará em funcionamento de forma faseada, sendo que a ligação eléctrica pendente “não está a atrasar o processo”. Até lá, mantém-se o tratamento primário de resíduos enquanto se aguarda o tempo necessário para que o tratamento biológico do tanque principal surta os seus efeitos nos resíduos.
“Os prazos da obra estão a ser cumpridos e o problema será resolvido em definitivo em poucos meses. A ETAR estará em pleno funcionamento em três a quatro meses, na Primavera”, garantiu.
Recorde-se que, sobretudo nos meses de Verão, enquanto decorria a obra de construção da nova ETAR, a população de Lordelo viu o rio transformar-se num “esgoto a céu aberto”, com maus cheiros e, muitas vezes, dejectos visíveis, devido a descargas com apenas tratamento primário de resíduos. As chuvas atenuaram o problema, mas a freguesia quer ver a situação resolvida e a fauna e flora do rio repostas.