A 7/1/2017, «o Secretariado do Comité Central do Partido Comunista Português informa com mágoa e tristeza, do falecimento no dia 7 de Janeiro aos 89 anos, de António Tereso. Militante comunista que dedicou a sua vida à luta dos trabalhadores e do povo português pela liberdade, pela democracia, pelo socialismo.
António Tereso, começou a trabalhar aos 12 anos, ingressando mais tarde na Carris.
É como operário da Carris e na sequência da luta que em Fevereiro de 1959 foi preso e condenado a dois anos e três meses de prisão.
Na prisão de Caxias desempenha complexo e destacado papel na preparação e concretização da fuga de oito destacados dirigentes e militantes comunistas do Forte de Caxias no carro blindado de Salazar, a 4 de Dezembro de 1961.
Depois da fuga, foi forçado a ingressar na clandestinidade.»
Tive o privilégio de conhecer pessoalmente António Tereso e de consigo conviver, quando como acompanhante do General Vasco Gonçalves e esposa, em 2004, me visitaram e almoçaram em minha casa.
Conhecedor através da história de algumas aventuras, bem e mal sucedidas nas históricas fugas das prisões fascistas; uma vez que estivemos fisicamente juntos, não quis perder a oportunidade de estreitar o meu relacionamento com um homem que até aí, apesar de eu não conhecer pessoalmente, já me tinha habituado a respeitar, pelo seu papel determinante no plano da preparação da fuga do Forte de Caxias em 1961, fuga a que o jornal Avante por diversas vezes lhe tem dado o devido destaque.
António Tereso com a sua atitude de dar a entender a todos, que dentro da cadeia, virara a cara à luta(«Foi com sacrifício que aceitei a tarefa de “rachar”. Foi o que mais me custou na vida», fazendo entender que passara para o lado do inimigo, (a Administração do Forte de Caxias) a pouco tempo do fim da pena que cumpria, fazendo perigar a sua liberdade próxima e pondo em risco a sua própria vida, para contribuir para a liberdade de outros. Sujeitou-se ao desprezo de uma boa parte dos seus camaradas presos que desconheciam o seu verdadeiro papel na preparação da fuga, excepto daqueles muito poucos, que por razões de segurança, faziam parte do mesmo plano.
Com a sua simplicidade de comunicação que comigo estabeleceu, António Tereso confirmou aquilo que José Timóteo (outro grande dirigente comunista também já falecido) assim me tinha confidenciado: o Tereso, é um bom homem, camarada!
A partir daquele dia e em todas as Festas do Avante, eu procurava António Tereso, para o cumprimentar e saber da sua saúde, uma vez que era um dos assíduos construtores da Festa sempre presente, desde que a sua saúde lhe permitisse.
O seu falecimento constitui uma perda para todos aqueles que lutaram para o derrube do fascismo, acontecido em 25 de Abril de 1974. E para todos aqueles, que dão continuidade à sua luta.
Para António Tereso, o herói que muitos julgaram traidor.
Um até sempre camarada.