O empresário e ex-director do FC Penafiel, Paulo Ribeiro, um dos associados do clube que votou contra a passagem da Sociedade Desportiva Unipessoal por Quotas a Sociedade Anónima Desportiva (SAD) criticou, esta quarta-feira, o “timing” definido pela mesa da Assembleia-Geral do clube, dia 21 de Agosto, para a marcação de novas eleições.
Refira-se que o descontentamento do empresário surge um dia depois da conferência de imprensa dada pelo presidente da direcção do Penafiel, António Gaspar Dias, em que sustentou que a sua direcção e demais órgãos sociais que o acompanham eram recandidatos às eleições cuja data foi, entretanto, definida.
O dirigente do Penafiel, na mesma conferência de imprensa, tinha desafiado os três sócios que não estiveram presentes na assembleia do dia 23 de Julho e que terão apresentado uma providência cautelar no tribunal com vista a suspender a deliberação assumida em assembleia-geral extraordinária pelos associados do clube, com cerca de 85% dos votos, para se apresentarem a votos.
Ao VERDADEIRO OLHAR, Paulo Ribeiro recordou que é manifestamente impossível para qualquer associado submeter-se a sufrágio, tendo em conta os prazos estabelecidos.
Paulo Ribeiro: “É uma estratégia bem montada para actual direcção conseguir vantagem”
O empresário penafidelense realçou, também, que o “timing” definido vai acabar por beneficiar a actual direcção demissionária que manifestou, entretanto, a intenção de se recandidatar a novo escrutínio e executar o projecto que tinha sido votado pela maioria dos associados em assembleia-geral extraordinária.
Paulo Ribeiro explicou que a actual direcção do clube possui já uma máquina montada e uma estratégia definida e isso acaba por ser uma vantagem em comparação com as putativas candidaturas que possam vir a surgir.
“No fundo, estamos a falar de uma estratégia bem montada, porque é praticamente impossível apresentar uma lista, contactar as pessoas e dar a conhecer aos associados as linhas orientadoras desse projecto num tão curto espaço de tempo”, avançou.
Questionado sobre a deliberação social que foi aprovada no dia 23 de Julho pelos associados, o empresário reiterou que, apesar de ter votado contra, não está contra a deliberação que foi aprovada pela maioria dos associados, nem contra a venda de 90% SAD do Penafiel à empresa Gradual Score.
“Estou contra a forma como este processo foi gerido, à falta de informação e esclarecimento que era devido aos associados”, sustentou, sublinhando que quem votou foi um universo reduzido de sócios, cerca de 99, quando o clube tem 900 associados pagantes.
Contactado pelo Verdadeiro Olhar, António Gaspar Dias confirmou a ideia de que o prazo definido é suficiente para os associados apresentarem as suas candidaturas, permitindo que os sócios se organizem para apresentar listas.
Segundo o presidente do Penafiel, a marcação de eleições para o dia 21 deste mês permite, também, que nova direcção eleita possa ter tempo para beneficiar do período de contratações e saídas de atletas e equipa técnica (que decorre até 31 de Agosto), e não comprometer, assim, a época que agora se inicia.
António Gaspar: “É inadmissível que não existam pelo menos três candidaturas.”
“Vamos ter tempo até lá para debater os projectos. Se o problema era debater os projectos está a SAD parada. Agora apareçam é os projectos. Tem que haver no mínimo três candidatos e três listas de candidaturas. Seria moralmente inaceitável e os sócios não aceitariam que depois de meter uma providência cautelar e falar na praça pública do FC Penafiel que estes três sócios não apresentassem candidaturas. Têm que vir às eleições apresentar os seus projectos”, avançou.
Refira-se que a convocatória para a realização da Assembleia Geral Extraordinária tem como ponto único a marcação de eleições dos membros de todos os órgãos sociais (Direcção, Mesa da Assembleia-Geral e Conselho Fiscal) do Futebol Clube de Penafiel para o quadriénio 2018/2022 seguida da respectiva tomada de posse.
A convocatória estabelece que as listas completas para os órgãos sociais do clube deverão ser entregues na secretaria do clube, sita no Estádio Municipal 25 de Abril, contra recibo, até às 18h00 do dia 17 de Agosto de 2018, cumprindo o previsto nos artigos 29.º n.° 6. dos estatutos (tempo mínimo de associado para ser eleito), e no n.º 1 do artigo 98.º dos estatutos (número mínimo de proponentes que não sejam candidatos, no pleno gozo dos seus direitos).
Só poderão votar os sócios efectivos cujo direito se mostre em conformidade com os estatutos, nomeadamente com disposto nos seus artigos 27.º e 29.º, n.° 4.
Uma vez concluída a contagem dos votos e proclamados os resultados pelo presidente da Assembleia-Geral cessante, este dará, de imediato, posse aos membros dos órgãos eleitos na sequência do referido acto eleitoral.