Exigir com afeto

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A cultura greco-romana entendeu o ser humano como um animal racional e assim o educou. Havia, nessa época, muito pouca sensibilidade para os sentimentos e a noção de que não necessitavam de ser educados: bastava que fossem dominados.

Hoje, pelo contrário, sabemos que a boa educação é impossível sem atenção aos sentimentos. A arte de educar requer amor por parte dos pais e verdadeiro afeto por parte dos professores. Quando isto não se vive assim, a educação torna-se severa, dura, militar.

Essa atenção aos sentimentos na educação é resumida por J.R. Ayllón com uma expressão muito sábia: exigir com afeto. Não há educação se falta a exigência, mas também não há se falta um verdadeiro afeto pelo educando.

Talvez pela lei do pêndulo, hoje em dia, os afetos tornaram-se como o ponto de referência fundamental na educação.

O lema “aprenda a brincar” é um exemplo disso. Claro que se pode aplicar a muitas realidades da vida (em concreto ao jogo, à brincadeira) mas, utilizá-lo na sala de aula tem-se demonstrado contraproducente.

Porque a aquisição de conhecimentos requer esforço e esta informação não pode ser omissa ao aluno, o qual tem necessidade de refletir em que sem esforço não vai a lugar nenhum no seu crescimento como pessoa.

Vale a pena esforçar-se, mesmo que muitas vezes os sentimentos não estejam em total sintonia com as dificuldades que se encontram.

Os pais, antes dos professores, devem fomentar nos seus filhos uma alegria em fazer o bem (mesmo que exija esforço) e uma aversão por deixar-se levar pelo mal (mesmo que uma maioria de pessoas à nossa volta o faça).

Os “deveres” devem de ser vistos como aquilo que são: um caminho para o bem, a felicidade e a verdadeira realização. Pelo contrário, muitas vezes são vistos como uma realidade que tira a liberdade.

É preciso educar os sentimentos para que facilitem a realização do bem e a busca da verdadeira felicidade. Isto leva consigo uma exigência por parte dos educadores, sejam pais ou professores. Mas tem de ser sempre uma exigência com afeto, amável, senão, não é eficaz.