Quatro quintos do petróleo consumido na União Europeia (UE) provém de empresas não europeias, com uma clara predominância de fornecedores russos, que garantem um terço (36%) do petróleo bruto importado. É o que revela um novo estudo sobre a dependência do petróleo na UE, elaborado pela Cambridge Econometrics para a Federação Europeia dos Transportes e Ambiente (T&E), da qual a Quercus faz parte.
Apenas 2 dos 10 principais fornecedores de petróleo são europeus, sendo a maior parte do petróleo importado fornecido por empresas de países com uma situação política e social instável, como são os casos da Rússia e da Líbia.
Para a Quercus, a excessiva dependência energética do petróleo externo está a dar lucro às grandes companhias petrolíferas destes países, aumentando a insegurança energética na UE. A Rosneft e a Lukoil, duas empresas russas, representam a maior quota de importações de crude de petróleo para a UE.
Segundo uma estimativa do T&E, os custos associados à importação de petróleo e gasóleo podem ascender a 300 Euros por ano, e por cada cidadão europeu, dinheiro este que está a fluir para fora da economia europeia.
A dependência de importações de petróleo bruto (crude) tem aumentado drasticamente na Europa nos últimos 15 anos. Da mesma forma, a dependência das importações de gasóleo duplicou, entre 2001 e 2014, para 35 mil milhões de euros.
Registando uma tendência contrária, a produção doméstica da UE e as importações de crude a partir de países com um nível de instabilidade geopolítica muito baixo, como a Noruega, têm diminuído, o que agrava a insegurança energética europeia.
Os transportes são o setor mais dependente do petróleo importado na UE, representando dois terços da procura de produtos petrolíferos finais na Europa. Para a Quercus, a implementação de medidas de descarbonização dos transportes poderia trazer claros benefícios ao nível da segurança económica, ambiental e energética, uma vez que a queima de combustíveis fósseis está diretamente associada às emissões de dióxido de carbono (CO2), o mais importante gás com efeito de estufa (GEE).
De acordo com um anterior estudo da Cambridge Econometrics, apostar na transição para os veículos elétricos poderia traduzir-se num aumento do Produto Interno Bruto (PIB) da UE em 1%, na criação de 2 milhões de potenciais novos empregos e na redução das emissões dos veículos ligeiros e comerciais em 83% até 2050.
Neste contexto, a Quercus, a par de outras associações de defesa do ambiente, apela à Comissão Europeia para que proponha novos e ambiciosos limites de emissão de CO2 para os veículos ligeiros de passageiros, comerciais e pesados, para 2025; desenvolva uma estratégia abrangente para impulsionar os veículos elétricos no setor dos transportes; tome medidas para reduzir as emissões da aviação e do transporte marítimo internacional e acabe com os apoios públicos à produção de biocombustíveis não sustentáveis.
Estabelecer um plano ambicioso com vista à descarbonização dos transportes reduzirá a procura de petróleo e garantirá que o dinheiro dos contribuintes europeus fica salvaguardado, com o fomento da inovação, da criação de emprego e da segurança energética.
Esta é uma situação “win-win” para a Europa e também para Portugal.