A preocupação acerca das descargas poluentes no Rio Ferreira fez com que o grupo parlamentar do PSD do Porto, liderado pelo deputado Virgílio Macedo, fizesse uma visita, na manhã desta segunda-feira, pelo Parque de Lazer do Rio Ferreira, em Lordelo.
Depois da visita, Virgílio Macedo considerou o ato como “Crime ambiental”, enquanto Nuno Serra, presidente da Junta de Lordelo, fez questão de salientar a necessidade de criar uma nova ETAR como resolução do problema. Celso Ferreira, presidente da Câmara de Paredes defendeu que só com a colaboração e bom senso de todos é que será possível chegar a bom porto.
Descargas constantes extinguiram a fauna local e fazem com que seja impossível a qualquer pessoa visitar o parque
Relembrando que o problema já existe há cerca de 25 anos, o presidente da Junta de Lordelo diz que a ETAR, fiscalizada pela Câmara de Paços de Ferreira e pela empresa Águas de Paços de Ferreira, está já obsoleta e ainda serve cerca de 30 a 40 mil pessoas, mais do dobro do limite de 20 mil habitantes previstos.
As tentativas de chamar a atenção para o problema têm sido muitas pela parte do presidente da junta, no entanto, a solução passa, acredita Nuno Serra, “por um entendimento entre a Câmara de Paços de Ferreira e o Governo” e pela “construção de uma nova ETAR, eventualmente apoiada pela actual”.
O presidente informou ainda que tem vindo a ter várias reuniões com os órgãos responsáveis, tanto da Câmara de Paços de Ferreira “que se mostrou indisponível para resolver a situação alegando falta de meios”, como também com a empresa Águas de Paços de Ferreira que “assume perfeitamente que têm um problema, mas dizem que nada podem fazer”.
Numa reunião com o Secretário de Estado do Ambiente, Nuno Serra afirma que Carlos Martins solicitou às Águas de Paços de Ferreira que apresentasse um projecto de uma nova ETAR para que pudesse ser apreciado e candidatado.
No passado, o Rio Ferreira foi um ponto de pesca de trutas e outros peixes, mas nos dias que correm, já não há qualquer vestígio de fauna local nem manutenção junto à água. Com o caudal elevado do rio, as consequências da poluição não são tão notórias, porque acabam por se diluir na água, mas quando chega o Verão a situação é diferente. Nuno Serra repara que “na altura do pico de Verão o caudal é tão reduzido e as águas ficam paradas, criando, assim, um manto branco de poluição que torna impossível a qualquer pessoa estar aqui neste parque pelo mau cheiro e pelo aspecto visual”.
O presidente acrescenta ainda que “as descargas são constantes”, sendo que “neste momento, devido ao caudal do rio, até aproveitam para fazer a descarga directa, julgo que sem qualquer tipo de tratamento”, acusa.
Presidente da Câmara de Paredes apela ao bom senso e critica a falta de prioridade dada ao assunto
O presidente da Câmara de Paredes também esteve presente na visita e deixou bem claro que espera sobretudo que “esta visita contribua para que seja praticado algum bom senso, que haja respeito entre todos e que se resolva um problema de saúde pública e de ordenamento de território que ninguém tem coragem de dizer que não existe”.
“Entendo que haja constrangimentos de natureza legal e financeira mas quando está em causa a qualidade vida das pessoas, estes assuntos têm que ser tratados com prioridade e é essa falta de prioridade que eu critico e estou à espera que o Governo pegue neste assunto, que chame as pessoas a quem cabe resolver o problema e que se sentem todos numa mesa a discutir soluções”, defendeu o autarca.
Celso Ferreira salientou ainda que este problema já passou à escala nacional, estando agora nas mãos no Governo decidir e diz-se espantado por que “as entidades responsáveis pelo ambiente não aprofundaram devidamente este dossier”.
“Nós queremos decisões, queremos que este problema seja resolvido porque temos um espaço público de lazer frequentado por milhares de pessoas, principalmente ao fim-de-semana, e naturalmente que este parque é tão importante como o Parque da Cidade do Porto ou como é qualquer parque na cidade de Lisboa”, sustentou.
Recorde-se que Paredes também já teve um problema idêntico, mas o presidente afirma que já o resolveram e pede por isso a colaboração das outras entidades.
Virgílio Macedo alertou para um “crime ambiental”
O deputado do PSD do Porto reconhece que “esta questão é já muito antiga e perfeitamente identificada pelo anterior Governo que já tinha começado o processo para resolver essa situação”.
Virgílio Macedo aponta para o facto de a ETAR “não estar a cumprir a lei”, alertando para a ocorrência de um “crime ambiental”.
Ainda assim, o deputado diz que a falta de orçamento não é uma desculpa e confirma a existência de “fundos comunitários que podem financiar uma nova ETAR com uma parcela significativa e portanto o investimento nacional será reduzido”.