Depois de se ter requalificado a ETAR de Arreigada, num investimento superior a cinco milhões de euros, persistem os problemas de descargas no Rio Ferreira e os consequentes maus-cheiros, que afectam sobretudo a freguesia de Lordelo, em Paredes.
Durante a última reunião de Câmara, e também em Assembleia Municipal, o presidente do município de Paredes, afirmou que aquele equipamento está “sub-dimensionado” e também que a tecnologia escolhida para fazer o tratamento do saneamento não foi “a mais acertada”.
Segundo Alexandre Almeida, a Câmara de Paços de Ferreira já admitiu, em reuniões, “que a ETAR não ficou a funcionar como deveria”. “Chegou-se à conclusão que está sub-dimensionada para resolver definitivamente aquele problema. Há que fazer novos investimentos para a dotar da dimensão que tem de ter. Até que isso esteja feito a solução é utilizar o tubo já existente à saída da ETAR e fazer com que parte do efluente seja tratado na ETAR de Campo, de forma provisória”, disse em Assembleia. “A forma como o investimento foi feito não foi a melhor. Cá estaremos para pedir responsabilidades”, asseverou.
Ontem, em reunião de executivo, acrescentou que o investimento feito “mostra-se insuficiente para tratar o saneamento” e que já estará a ser lançado um procedimento pela Autarquia de Paços de Ferreira, a expensas da mesma, para aumentar o tubo que vai levar saneamento da ETAR de Arreigada à ETAR de Campo.
A par disso, estão a ser desenvolvidos “esforços junto do Ministério do Ambiente e da Agência Portuguesa do Ambiente para garantir mais financiamento para completar o investimento necessário”.
Durante a reunião, enquanto respondia a questões da oposição, Alexandre Almeida apontou que “a tecnologia escolhida para o tratamento não foi a acertada” e que serão necessários novos investimentos. O próprio município de Paços de Ferreira já assumiu, disse, que “as membranas, a tecnologia que foi instalada na ETAR de Arreigada não é a mais indicada para este tipo de saneamento, seriam mais indicadas para tratamento de etar’s industriais”.
“Houve claramente erros de projecto que fazem com que aquilo não esteja a fazer o tratamento que deveria estar a fazer. É uma situação que teremos de resolver o mais rapidamente possível porque há um grave problema ambiental em Lordelo”, com impacto visual e maus-cheiros. “Pensávamos que com o investimento que foi feito, de cerca de cinco milhões de euros, esta situação iria ficar resolvida, infelizmente isso não aconteceu”, lamentou.
“A ETAR não está a funcionar como devia”, assume Paços de Ferreira
Também na última Assembleia Municipal de Paços de Ferreira, Paulo Ferreira, vice-presidente da autarquia, voltou a reconhecer que “a ETAR não está a funcionar como devia” e que tinham existido actividades de inspecção recentes. “A prioridade é resolver definitivamente o tratamento a 100% dos efluentes. Enquanto isso não é possível, queremos rapidamente resolver a percentagem que não vai tratada ao sair”, sendo que, para isso, será aproveitado um tubo e o efluente canalizado para outra ETAR, avançou.
O Verdadeiro Olhar enviou várias questões à Câmara de Paços de Ferreira às quais não recebeu resposta, desde quando será executada a solução provisória preconizada e quanto custará aos cofres do município, se está prevista uma ampliação da ETAR, se reconhecem que está sub-dimensionada e como é que um investimento de 5,5 milhões de euros não foi preparado para responder às necessidades, entre outros.
Em 2020, o Ministro do Ambiente prometia que a ETAR estaria a funcionar a 100% no final desse ano. O tratamento biológico do equipamento tinha entrado em funcionamento em Agosto desse ano, mas mantinham-se problemas.