É já no dia 17 de abril, quinta-feira Santa, que as Endoenças de Entre-os-Rios, conhecidas como um evento secular de turismo religioso ímpar, voltam a iluminar as margens do rio Tâmega e Douro, com milhares de velas.
O evento, que atrai anualmente milhares de visitantes, e com mais de 300 anos de história, tem início (dia 17) na Igreja Paroquial de Santa Clara do Torrão, com a Missa da Ceia do Senhor, às 20h00. Uma hora mais tarde, sai a procissão do Senhor dos Passos, acompanhada por “Barcos de Fogo” junto ao rio, e em direção à Capela de S. Sebastião, em Entre-os-Rios, onde terá lugar o “Sermão do Encontro” entre Jesus Cristo e Nossa Senhora das Dores, um momento particularmente simbólico e muito acalmado pela comunidade.
Já no dia seguinte, sexta-feira, a Procissão do Enterro do Senhor cumpre o percurso inverso, de regresso à Igreja Paroquial de Santa Clara do Torrão, no Marco de Canaveses.
Para o autarca de Penafiel este evento traduz-se num dos “momentos mais profundos e singulares da nossa vivência coletiva. Uma tradição que atravessa séculos, mantendo-se viva graças à fé, à dedicação da nossa comunidade e à identidade cultural que nos une”. Antonino Sousa revela que este evento representa um “legado que honra o passado, mas que também olha para o futuro, valorizando o nosso património religioso e promovendo Penafiel como um destino de cultura e fé.”
Classificada em 2015 pelo município de Penafiel e inscrita no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial, as Endoenças iluminam as duas margens do rio Tâmega, a freguesia de Alpendorada, Várzea e Torrão (Marco de Canaveses), o lugar de Entre-os-Rios (Penafiel) e ainda o lugar de Boure na margem esquerda do rio Douro, pertencente ao concelho de Castelo de Paiva, lugares que constituem antigo Couto de Entre-os-Rios, explica a autarquia.
Segundo a liturgia católica, as Endoenças, são uma designação muito antiga que se referia à Sexta-Feira Santa, dia de indulgência na Península Ibérica, no qual era dado a absolvição geral aos fiéis. Ao longo do tempo, a designação mudou para o dia anterior que, no rito romano, era o das “Indulgências”, passando mais tarde a referir-se apenas à Quinta-Feira Santa.