O emigrante de Lousada com cancro terminal que estava internado num hospital francês e cujo último desejo era morrer em Portugal chegou, hoje, ao país. Apesar de ainda faltarem cerca de 500 euros para completar os 4.200 euros necessários para o transporte em ambulância e despesas associadas para o qual a família lançou um peditório, o regresso foi antecipado devido ao agravamento do estado de saúde de Jorge Pereira, de 46 anos.
“Durante o caminho vinha consciente. Quando abria os olhos só perguntava ‘já estou em Portugal?’”, conta a filha, dizendo que o pai chorou de felicidade quando finalmente se apercebeu que tinha chegado. “Demos-lhe beijos e ele começou a chorar, feliz, e a dizer ‘já estou em Portugal’”, relata.
O lousadense ficou internado nos cuidados paliativos do Hospital de São João, no Porto, e estava sobretudo cansado de uma viagem de 19 horas. A família só terá mais prognósticos amanhã.
Faltam 500 euros
Jorge Pereira é casado e tem duas filhas. Emigrou para França há quatro anos, para trabalhar na construção civil. Mas em 2017, foi-lhe detectado um cancro no intestino. O homem foi reagindo bem aos tratamentos, mas em Julho do ano passado surgiu um novo cancro que se espalhou. O estado de saúde agravou-se rapidamente nos últimos meses e, a 15 de Março, ficou internado num hospital em Annecy. Só pedia à família para morrer no país que o viu nascer.
Sem meios para corresponder ao pedido do homem de vir morrer a Portugal, a família lançou um apelo e um peditório online. Precisavam de 4.200 euros para corresponder ao transporte em ambulância, entre outras despesas. Gerou-se uma onde de solidariedade, mas o valor ainda não foi alcançado. Faltam cerca de 500 euros, diz a filha.
Ainda assim, face ao agravamento do estado de saúde do pai, Jorge Pereira saiu ontem de França, numa ambulância de uma empresa privada, e chegou esta manhã a Portugal.
Foram 19 horas de viagem e cerca de 1.700 quilómetros percorridos. Jorge Pereira veio acompanhado pela esposa e sempre consciente.
“A viagem correu bem, mas ele ficou mais debilitado”, explica Vanessa Pereira. “Quando atravessaram a fronteira nem lhe disseram nada para ele não se ir abaixo com a emoção e tiveram que lhe pôr oxigénio porque a viagem foi muito cansativa”, acrescenta.
Só quando chegou ao hospital se apercebeu onde estava e aí chorou de felicidade.
Esteve em avaliação médica, mas só amanhã serão dados novos prognósticos à família.
“Ele continua a estar consciente e a falar connosco”, afirma Vanessa Pereira.