Egocentrismo

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Qualquer pessoa franca sabe que necessita de melhorar constantemente o seu carácter. É uma tarefa árdua. Requer um conhecimento próprio objectivo — “ciência” que é a mais complicada de aprender.

Além disso, é necessário ter abundante paciência e um profundo espírito desportivo, uma vez que melhorar o nosso carácter tem um “prazo de validade” que se identifica com a nossa vida.

Só no fim da existência, se soubermos corresponder com generosidade à acção da graça de Deus em nós, seremos aquilo que estamos chamados a ser: “perfeitos”. Numa linguagem cristã diz-se “santos”. Somente nessa ocasião teremos um carácter plenamente humano, à imagem do modelo por excelência que é Jesus Cristo.

Sabendo tudo isto, surge naturalmente a pergunta: qual é o modo mais eficaz de aperfeiçoar o nosso carácter?

Existem várias respostas, todas elas muito válidas. No entanto, gostaria de sublinhar uma que me parece fundamental: ninguém melhora o seu carácter se não se esforça por vencer uma tendência inata que todos possuímos: o egocentrismo.

Seremos muito mais humanos se nos esforçarmos de verdade por não estar centrados em nós mesmos. Se percebermos que é um erro crasso viver como se fôssemos o centro do Universo.

E, muitas vezes, o nosso mundo interior descontrolado — pensamentos, imagens, recordações — tende a dificultar muito a tarefa de superar o egocentrismo. Quem se preocupa somente consigo mesmo não consegue viver uma vida plenamente humana.

O activismo, com muita frequência, manifesta egocentrismo. Uma pessoa deve trabalhar muito e bem — mas não pode utilizar os seus deveres como uma desculpa para não prestar atenção aos outros.

Saber ser felizes é um factor fundamental da nossa existência. Mesmo que pareça paradoxal, convém meditar que não há verdadeira felicidade nesta Terra sem algum tipo de renúncia. E uma renúncia indispensável para se ser feliz é o esforço sincero por superar o egocentrismo.