Em fevereiro de 2021, foi criado um grupo de especialistas da Comissão Europeia com o objetivo de encontrar uma definição de “educação de qualidade”.
A Comissão Europeia reconhecia assim que, neste momento da História, carece de uma definição satisfatória de educar bem. Talvez seja esta a razão pela qual é tão difícil alcançar consensos neste tema tão importante.
Para superar esta dificuldade, muitas pessoas empenham-se em procurar um terreno ideologicamente neutro (esse terreno não existe) sobre o qual basear de um modo não polémico a ação educativa.
Como diz Gregorio Luri, muitos pensam que encontraram esse terreno na tecnologia e na inovação. Quando duvidamos sobre aquilo que é o bem, substituímos este conceito pelo de novo, que se converte num verdadeiro valor. Se algo é apresentado como inovador já não necessita de justificar a sua pertinência porque é, por definição, melhor que o anterior.
Será que na educação devemos sempre inovar para obter melhores resultados? Segundo Luri, isso seria verdade se não existissem permanências antropológicas.
Mas essas permanências ficam obscurecidas quando olhamos só para o futuro e nos esquecemos de olhar para trás e aprender com aqueles que nos precederam. Isto chama-se formação humanista, que para muitos é perda de tempo, de eficácia e de inovação.
É verdade que Aristóteles não conseguiria entender a tecnologia atual, mas também é verdade que se questionou sobre o sentido da vida e a necessidade de uma boa educação, aspetos que continuam a ser profundamente atuais. Aquele homem que viveu há tantos anos é igual a nós e tem para nos dizer coisas que nos são úteis e práticas.
Não é possível educar bem (é diferente de instruir) a partir do relativismo e da falta de sentido. E isto é assim porque, como também disse o nosso autor antigo, «não há vento favorável para os barcos que desconhecem o seu destino».