O historiador “Unidos Venceremos!” é o nome da exposição que está patente em Lousada, com a assinatura do historiador com Pacheco Pereira.
A mostra insere-se no âmbito das comemorações dos 50 Anos do 25 de Abril e aborda os protestos, sindicatos e greves no Marcelismo, num período que vai desde 1968 a 1974.
Pacheco Pereira, que esteve na inauguração, salientou a importância que este trabalho tem para os mais novos, porque urge “fazer chamadas de atenção para as fotografias nas prisões e explicar que as pessoas eram torturadas. Mostrar que isto acontecia todos os dias e fazer perceber aos mais jovens que não gostariam de morar num mundo semelhante”.
A exposição é relativa a um primeiro levantamento exaustivo das greves e protestos no Marcelismo, que aponta para um número superior a 300 ocorrências, destacando ainda a participação das mulheres neste movimento de contestação, em particular das operárias ligadas aos têxteis e lanifícios.
Pacheco Pereira destacou ainda que esta expoisção “diz muito sobre a resistência no mundo do trabalho, onde ninguém podia levantar a cabeça. A quem tentava fazê-lo, para ter dignidade no seu trabalho, havia uma forte repreensão”.
E a verdade é que “as mulheres foram mais sujeitas a várias formas de repressão. No entanto, homens e mulheres que trabalhavam em fábricas não tinham direitos, não podiam fazer greves, não tinham subsídio de desemprego nem formas significativas de usufruir da Segurança Social”, recordou ainda o historiador.
Também o autarca de Lousada destaca “a importância desta exposição”, sobretudo, para os mais jovens que não tiveram qualquer vivência no período que antecedeu a Revolução dos Cravos”.
Pedro Machado defendeu a relevância de assinalar uma data “que tanto representa para o país”, acrescentando que, “existe, por vezes, uma tendência em desvalorizar as conquistas de Abril, até pela distância temporal. Mas, não devemos dar a liberdade com um facto total e definitivamente adquirido. Existem, cada vez mais, movimentos extremistas que chegam ao poder de países considerados evoluídos e tal facto deve fazer-nos pensar”.
O edil apontou ainda que, “muitas vezes podemos ter motivos para nos queixarmos mas, de uma maneira geral vivemos substancialmente melhor do que há 50 anos”, para isso “basta pensar nas condições de vida, no atraso económico e social, com altas taxas de analfabetismo e de mortalidade infantil, em que a criação do SNS foi uma das maiores conquistas”.
“A intenção do município em fazer com que os alunos visitem a exposição e possam ver como era viver em Portugal há 50 anos, é importante para preservar as conquistas de Abril” rematou o autarca.
“Unidos Venceremos! Protesto, sindicatos e greves no Marcelismo (1968-1974)” é uma iniciativa da Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril e da Ephemera, a Associação Cultural, em parceria com Direcção-Geral do Livro, Arquivos e Bibliotecas, Arquivo Nacional do Som, Câmara Municipal de Lisboa, Câmara Municipal do Barreiro e CP, Comboios de Portugal.
Vai estar patente no Espaço AJE, até dia 31 de janeiro, e pode ser visitada de segunda a sexta-feira, das 9h00 às 12h30 e das 14h00 às17h30.