Dois atletas do Paredes Aventura concluíram uma das provas de triatlo mais difíceis

Fernando Salvador e Sérgio Moreira foram os únicos portugueses no Swissman Xtreme, tida como uma das mais exigentes e difíceis provas do triatlo

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Foto: Swissman Xtreme

Os atletas Fernando Salvador e Sérgio Moreira, do Paredes Aventura, concluíram a Swissman Xtreme, uma das provas mais difíceis de triatlo, que decorreu em Ascona, na Suíça. Foram os únicos dois portugueses em prova.

Em declarações ao Verdadeiro Olhar, Fernando Salvador, um dos directores do Paredes Aventura, mostrou-se satisfeito por tanto ele como o colega terem concluído a prova que é tida como das mais difíceis do mundo e engloba três modalidades: (natação, 3,8 quilómetros, ciclismo, 180 quilómetros e corrida, 42,195 quilómetros).

“Estamos a falar de  uma prova que não tem classificação. É uma competição de resistência e superação que exige uma disponibilidade mental e física muito superior ao Ironman normal que é uma modalidade de triatlo de longas distâncias compreendendo aproximadamente as mesmas distâncias da natação, do ciclismo e da corrida”, disse.

Fernando Salvador, que desde muito jovem esteve ligado ao desporto e realizou já várias ultra-maratonas, frisou que a preparação física e mental para uma competição Xtreme é diferente da competição do Ironman normal.

“A prova Xtreme exige um planeamento sazonal e uma disponibilidade física e mental, também, diversa, implica muito sacrifício, um planeamento semanal, com treinos diários, tudo isto em conciliação com a actividade profissional e familiar”, revelou.

Falando do grau de dificuldade e das exigências das várias modalidades, Fernando Salvador destacou que a elevação na prova de ciclismo foi de 3.399 metros, a elevação na corrida 1.594 metros, com corrida em trilhos nas montanhas, a uma temperatura média na prova 26ºC.

“Estamos a falar de uma competição que implica, também, um elevado stress psicológico, isolamento e é necessário equipa de apoio”, acrescentou, salientando que a taxa de desistência ronda os 11,8%, sendo o tempo médio de prova de 16h16.

Ao nosso jornal, Fernando Salvador defendeu, também, que o seu próximo objectivo passa por competir na Ironman, em Hamburgo, Alemanha, prova agendada para o dia 12 de Agosto.

“Nunca coloquei a fasquia muito elevada”

Já Sérgio Moreira confessou que nunca colocou a fasquia muito elevada e o seu único objectivo era terminar.

Foto: Swissman Xtreme

“Atingi os meus objectivos sobretudo a minha mudança física e mental”, referiu, salientando  que o fundamental para competir nesta prova passa pela preparação.

“Tive só um ano para me preparar e estava a sair de uma lesão onde tinha ganho cerca de 20 quilos de peso e dois anos de inactividade desportiva. Recomeçar foi doloroso, mas o mental foi muito forte e venceu”, lembrando que o Swissman é 20% de treino e 80% de mental.

“O difícil não é o dia da competição, mas sim todo o trabalho para chegar ao grande dia”, expressou.

Para se preparar, o atleta confessou que fez alguns milhares de quilómetros de bicicleta 6823 quilómetros (1006 quilómetros em rolo), 2985 quilómetros de corrida, 445 quilómetros de natação, 350 horas de ginásio, 22 massagens e três sessões de crioterapia. 10 sessões de hipnose e um estágio, em Abril, em Lousada com a equipa ONE TWO TRI triatlo, equipa suíça de triatlo.

Falando das dificuldades que sentiu para concluir a prova, Sérgio Moreira constatou que em Portugal não existem estradas a mais de 2000 metros de altitude.

“Passar três montanhas com altimetrias de 2091m Gottard, 2436m Furka  e 2164m Grimesel  em bicicleta em que a partida da zona de transição está a 196 metros de altitude ao nível do mar não foi tarefa fácil”, asseverou, salientando que sentiu dificuldades para  passar a primeira montanha, o Gottard, a 2091 metros, depois de ter feito a prova de natação, 3800 metros, com início às 5h00 da manha com a penumbra e sair da agua e começar uma ascensão de quase 50 quilómetros de subida sem stop e com 10 quilómetros de calçada.

“Não podíamos falhar os controlos de tempos de passagem na natação, Furka, Brisel, e chegar aos últimos 10 quilómetros antes das 22h00 para não ser eliminado da corrida”, explicou.

Foto: Swissman Xtreme

Sérgio Moreira reconheceu que a maior dificuldade foi conseguir respeitar o aporte calórico durante a corrida 7000 mil/quilocalorias entre gel, barras, fruta, comida, sal e uma hidratação de cerca de seis litros de água e seis litros de bebida isotónica.

“Comer sem vontade para nunca atingir um ponto de ruptura, beber sem sede”

“Comer sem vontade para nunca atingir um ponto de ruptura, beber sem sede. A disciplina fez com que terminasse em boa forma física e a recuperação sem dificuldade”, anuiu, reconhecendo que a camaradagem entre colegas ajudou a transpor alguns desafios e a ultrapassar dificuldades.

A este propósito, o atleta recordou um episódio em que o Fernando Salvador ficou na zona de transição, cerca de duas horas, à espera de sapatilhas, porque a sua assistência tinha ficado retida num acidente, tendo ele próprio transportado as sapatilhas do colega num saco nos últimos 30 quilómetros de bicicleta.

“O Fernando teve uma coragem para após duas horas de paragem ter conseguido terminar a maratona. Não é para qualquer um! E de lamentar que tenha ocorrido estes dois acidentes na prova pois o Fernando teria feito um tempo canhão!”, expressou.

Quanto aos próximos desafios competitivos, Sérgio Moreira declarou que gostaria de fazer todos os triatlos Xtreme deste grupo, o XTRIWorldTour:  ISKLAR Norseman – Noruega, Celtaman – Escócia, Alasca, Canada e Janosik (três novas provas que foram juntas).

Foto: Swissman Xtreme