A Associação Empresarial de Paredes (AE Paredes) tem mais de um milhão de euros de dívidas. Entre os credores estão dois bancos, mas também 40 fornecedores, entre os quais estão os CTT que têm uma factura no valor de dez euros a receber da associação que representa os empresários do concelho de Paredes.
Neste momento, os credores estão a ser convidados para participar nas negociações que, pretendem os responsáveis da AE Paredes, possam conduzir à elaboração de um Plano Especial de Revitalização.
Dirigentes acreditam que recuperação é possível
O pedido para que seja aprovado um PER já deu entrada no Tribunal e foi efectuado pela própria AE Paredes. No processo que o VERDADEIRO OLHAR consultou no Tribunal de Amarante, os dirigentes associativos admitem uma “elevada expressão do passivo financeiro” da instituição, que tem levado a “atrasos sistemáticos no cumprimento das obrigações financeiras correntes”.
Os responsáveis da AE Paredes defendem que “a situação económica difícil” concretizou-se porque “a crise económica e financeira vivida actualmente tem provocado efeitos nefastos ao nível global e nacional, que se têm repercutido negativamente nas finanças da AE Paredes”.
Assim, acredita a associação empresarial, a solução passa por, através de um PER, negociar com os credores a “consolidação do passivo e um plano de pagamento [com prazos alongados] das suas obrigações”.
Para sustentar que a AE Paredes é viável, os seus dirigentes salientam a “excelente carteira de clientes”, a “estrutura organizativa capaz de responder ao dinamismo comercial”, “recursos técnicos altamente especializados” e, por fim, “uma imagem de prestígio e de reconhecida competência”. Estes argumentos convenceram o juiz do Tribunal de Amarante a aceitar o PER e a nomear um administrador judicial. E é João José Barbosa Castelhano quem, neste momento, está a convocar todos os credores da AE Paredes e a solicitar-lhes que se juntem ao processo e negociem a elaboração do plano de pagamentos alargado pedido pelos dirigentes da associação empresarial. Entre estes estão os bancos Abanca Corporacion Bancaria, que tem um crédito de 1845 euros, e a Caixa Geral de Depósitos, que tem a receber 245 mil euros. A lista de devedores incorpora também 40 fornecedores, entre os quais estão a Iluminações Teixeira do Couto, com um crédito de quase 42 mil euros, e José Teixeira Couto (30 mil euros). A AderSousa (1800 euros) e os CTT (10 euros) também integram uma lista na qual estão ainda a Autoridade Tributária e Aduaneira (2435 euros) e a Segurança Social (17237 euros).
Em declarações públicas, o presidente da AE Paredes, Gualter Morgado, também já admitiu o não pagamento de quatro meses de salários aos cinco funcionários da instituição.
MP investiga denúncias de empresário de Lordelo
O Ministério Público está a investigar a AE Paredes. Em causa está a denúncia de alegadas irregularidades na gestão da instituição, assim como uma eventual fraude com os fundos comunitários recebidos pela associação.
A investigação teve início com uma carta que um empresário de Lordelo, Paredes, enviou à juiz do Tribunal de Amarante que está responsável pelo Plano Especial de Revitalização solicitado pela AE Paredes. Nessa missiva, o denunciante garante que há várias anomalias na gestão de uma instituição na qual diz existirem relações promíscuas entre os dirigentes e alguns colaboradores. A carta frisa, ainda, que foram recebidos “milhões de subsídios e dinheiro para formação e que não faziam nada”.
Perante estas acusações, a juiz instaurou o “respectivo procedimento criminal” e remeteu o processo para o Ministério Público.