Ninguém pode negar aos outros o direito a morrer. Não aprovar a eutanásia é tirar às pessoas a liberdade de serem elas a decidir sobre a sua própria vida.
Quem não quiser pedir a eutanásia, por motivos religiosos, não o faça. Mas, por favor, não tire a liberdade aos outros. A lei não pode continuar a negar às pessoas o direito a uma morte digna.
Será que isto é mesmo assim?
É uma visão muito simplista de tudo aquilo que está em jogo.
E também o é o argumento tantas vezes esgrimido de que somente aqueles que acreditam em Deus são contra a eutanásia. Os argumentos contra a legalização do suicídio assistido não são religiosos — são profundamente humanos!
Pensemos com calma: que consequências trará a legalização da eutanásia ao modo de tratar os idosos, os doentes terminais, os pobres, os deficientes e, em geral, os frágeis da sociedade?
Com a aprovação de uma lei deste tipo, aqueles que são frágeis e optem pela vida correm o grande risco de serem considerados uns egoístas. Podem ser vistos como um fardo que rouba a felicidade àqueles que têm de cuidar deles.
Porque não nos enganemos: uma lei que permita a eutanásia de algum modo incentiva os idosos a tirarem a própria vida. Fá-los pensar, num momento em que mais necessitam do apoio dos seus familiares, que estão a mais e que são somente um peso inútil.
Manter a ilegalidade da eutanásia é o melhor modo de proteger os vulneráveis da sociedade. A lei, se o é de verdade, deve sempre proteger a vida e amparar os mais vulneráveis, porque são eles que necessitam de protecção.
Ao aprovar uma lei destas, o direito à morte acaba por converter-se, para muitas pessoas frágeis, no dever de morrer.