“Ponderamos activar os mecanismos legais que estão ao nosso alcance no sentido de interpor uma acção judicial por calúnia e difamação contra quem veio a público proferir afirmações que não correspondem à verdade dos factos”, informa um comunicado emitido esta segunda-feira e assinado pelo presidente da direcção e pelo comandante dos Bombeiros Voluntários de Cete. Em causa estão as acusações feitas por bombeiros, na semana passada, que entregaram os capacetes e pediram a passagem ao quadro de reserva em sinal de protesto.
“As afirmações veiculadas são de enorme gravidade pelo que não podem passar impunes e os autores terão que responder por elas no local próprio”, sustentam Celso Moreira e José Luís Silva.
Contactado pelo Verdadeiro Olhar, o presidente da direcção desta associação humanitária adiantou mesmo que pretende avançar com uma queixa-crime contra um bombeiro que anda a causar alarme e a dizer que o quartel está fechado, caso consigam reunir as provas necessárias. “Isto é um atentado contra a dignidade da instituição. Andar a dizer à população que o quartel está fechado é injustificável”, critica.
Corpo activo está menor, mas dá resposta a todos os pedidos, garantem
No mesmo documento, que visa esclarecer os cidadãos, a direcção e o comando reiteram que o socorro prestado pela corporação “não está nem nunca esteve” comprometido pela saída destes elementos.
“Apesar de diminuído, o corpo dos Bombeiros Voluntários de Cete continua com número suficiente e considerável de elementos” e mantém condições de atender a todos os pedidos de socorro”, estando tomadas todas as providências para que sejam mantidos os níveis de operacionalidade necessários, garantem.
Celso Moreira e José Luís Silva lamentam a decisão tomadas pelos bombeiros que decidiram deixar de prestar serviço.
Segundo o presidente da direcção, do corpo activo, com cerca de 80 elementos, saíram 23 e não 39 bombeiros. 22 entregaram os capacetes na quinta-feira e um outro, funcionário da instituição, fez um pedido de passagem ao quadro de reserva no dia seguinte. “Têm direito de sair, não têm é direito de difamar”, sustenta Celso Moreira.
Contas não podiam ser mais transparentes e todos os alimentos doados foram entregues aos bombeiros
O dirigente aproveita para rebater algumas das críticas feitas pelos bombeiros que saíram em protesto. Diz que as contas não podiam ser mais transparentes já que o relatório é apresentado, em assembleia geral, todos os anos em Abril, estando ainda à disposição dos sócios para ser consultadas. “Devem ficar fechadas este mês e até estamos dispostos a apresentá-las antes”, refere. Já sobre o dinheiro angariado em eventos, Celso Moreira garante que todas as verbas angariadas foram disponibilizadas no quadro informativo existente no quartel. “Mais transparente não podia ser”, diz.
Garante ainda que todos os alimentos doados na onda de solidariedade gerada durante o combate aos incêndios do Verão Passado tiveram o fim a que se propunham: foram entregues aos bombeiros. “E ainda sobraram alguns que, por terminar a validade em Outubro, Novembro e Dezembro, dissemos que quem quisesse podia levar para casa. E foi o que aconteceu. Não se estragou nada”, conta. “Agradeço à comunidade toda a solidariedade”, acrescenta. Adianta ainda que, apesar de isso ser do foro operacional, não houve bombeiros a passar fome durante o combate aos incêndios.
O presidente da direcção critica ainda o facto de andarem a realizar um abaixo-assinado para pedir esclarecimentos quando, quer a direcção, quer o comando, já se disponibilizam para os prestar na semana passada, na reunião em que os bombeiros, “sem apresentar motivos”, pediram demissão dos órgãos dirigentes e do comandante e entregaram os capacetes, não expondo as suas dúvidas.
“É ingrato uma pessoa trabalhar 12 horas por dia, incluindo fins-de-semana e feriados, gratuitamente, deslocar-se com a sua viatura e perder tempo da família para isto. Não me admirava se em breve ninguém quiser assumir responsabilidades nas direcções das associações de bombeiros”, afirma Celso Moreira.