O problema é recorrente e intensificou-se nas últimas semanas devido ao calor. Dezenas de pessoas em Sobrado, Valongo, têm sido picadas por insectos que causam reacções que obrigam a tratamentos e, em alguns casos, internamento hospitalar. A Associação Jornada Principal atribuiu a situação ao aterro existente na localidade e já voltou a denunciar a situação às autoridades de saúde.
A Recivalongo, empresa que tutela o equipamento, garante que estudos realizados não provam a ligação entre a existência destes insectos e o aterro. Alega ainda que “os levantamentos têm identificado como potenciais causas da existência destes insectos a proximidade ao Rio Ferreira poluído, a existência de explorações agrícolas e pecuárias e o deficiente funcionamento da ETAR de Campo”.
“As pessoas que vivem perto do aterro são as mais afectadas”, afirma Associação
A Jornada Principal encaminhou para o Agrupamento de Centros de Saúde Maia/Valongo e para a Delegada de Saúde Regional do Norte mais uma queixa.
“Vimos por este meio e mais uma vez dar voz ao desespero da população de Sobrado. Face ao flagelo que vive diariamente, a população desespera pela ausência de respostas e acções concretas, as picadas de insectos e as suas consequências na saúde são diárias”, descreve a Associação que luta pelo encerramento do aterro.
“Nas últimas semanas multiplicam-se os casos de picadas e as suas consequências e não podemos dissociar este problema das práticas do aterro de Sobrado. Lembramos que este está literalmente em cima da população”, acrescenta a instituição, que anexou um conjunto de fotografias que comprovam o que a população tem relatado.
Ao Verdadeiro Olhar, responsáveis da Jornada Principal explicam que o problema agravou nas últimas semanas, com a chegada do calor, e que têm sido “dezenas” as pessoas com picadas de insectos, desde bebés a seniores. “As crianças não querem vir ao intervalo na escola, muitas pessoas têm de recorrer aos hospitais. Isto é anormal. E as pessoas que vivem perto do aterro são as mais afectadas. O Rio Ferreira passa por várias freguesias e não se vêem queixas como aqui”, criticam. “Alguns atletas do Sobrado foram picados ao jogar à noite e um teve de ficar internado”, referem ainda, pedindo as intervenções do Ministério da Saúde e do Ambiente.
“Não existe, no aterro, qualquer risco de saúde para a população”, reitera empresa
A Recivalongo emitiu, entretanto, um esclarecimento. A empresa salienta que “tem requerido de forma constante estudos de entidades independentes para monitorizar este tema e todos têm afastado a ligação entre a actividade do aterro de Sobrado e a presença de insectos junto das populações”. “O mais recente estudo, realizado pela Biota e concluído no início de 2021, foi levado a cabo durante um ano na zona do aterro e na zona urbana da freguesia, até às habitações de Sobrado. Mais uma vez, os peritos concluíram que ‘não foram encontradas evidências de que a actividade da Recivalongo possa ter um papel de promoção de comunidades de insectos que possam ser prejudiciais para a saúde pública, ou mesmo potenciadoras de incomodidades para as populações’”, lê-se.
Ainda segundo a Recivalongo, “os levantamentos têm identificado como potenciais causas da existência destes insectos a proximidade ao Rio Ferreira poluído, a existência de explorações agrícolas e pecuárias e o deficiente funcionamento da ETAR de Campo”.
A empresa garante que cumpre todos os requisitos legais e que “não existe, no aterro, qualquer risco de saúde para a população”, lamentando a “campanha de desinformação lançada pela Associação Jornada Principal”.